sábado, 4 de agosto de 2007

Jogos Regionais 2007 (Barretos)- Parte I

Memórias de um Enxadrista de Matão- Momentos que não me lembro, de uma semana que não esqueço.

Prefácio do Autor

“Meu objetivo é matar dois pássaros com uma só pedra: pintar a vida nos seus aspectos verdadeiros e mostrar quão longe está da vida ideal”.
(A.Tchekhov)


Ao organizar este pseudo-livro-relato-conto-novela-romance, e por fim, e talvez mais verdadeiramente, mais só talvez, Post, o autor, não teve em mira, propriamente, selecionar passagens pela qualidade, nem pela beleza, ou poesia, que acaso se observa no transladar atmosférico de um torneio de xadrez. Cuidou antes, de localizar, na obra postada, certas características, preocupações e tendências, que a condicionam ou definem, em conjunto. Memórias, pareceu-lhe, assim, então, mais vertebrada e, por outro lado, espelho mais fiel de sensações e particularidades presente em seu eu e nos “outros eus”.

Escolhidos e agrupados os capítulos sob esses critérios, resultou que Memórias não segue somente uma divisão cronológica, mas também sentimental (ou experimental). O texto foi distribuído em um duas partes, sendo: Prelúdio, cinco capítulos, e um Prólogo, cada um contendo material extraído de diferentes momentos e dispostos segundo os fatores mencionados. O leitor encontrará como ponto de partida aos capítulos, não só o nome destes como orientação, mas também citações, máximas, e até músicas, que tentam transcender o mero entendimento pela massa verbal (alguns episódios têm exatamente a música, frase, ou foto, como representante mais fiel. Se ali ainda resta um pouco do verbo desgastado do autor, é mais por hábito, do que por necessidade).

É verdade que alguns momentos caberiam em outros episódios que não o escolhido, ou até em mais de um. A razão da escolha está na tônica da composição, ou no mero engano do autor – em sua discordância memorial dos fatos. De qualquer modo, é uma arrumação, ou uma pretensão de.

(L.V.V.)

Matão, 2007

Prelúdio (21/07)- Maryland.

Música: Whisky a Go-go (Roupa Nova).
Frase: “Eu estou bem!”.



Até parece que foi ontem...
Que uma menina loirinha me ganhou uma partida, “a La” Lances Inocentes, no primeiro torneio da minha vida... Lembro-me como ela falava de um jeito engraçado (“o ônibus parou em toda pORteira”), ou, tempos depois, de quando ouvi ela conversar no saguão de um hotel em Bauru sobre o vestibular que ela tinha prestado...
E agora isso: ela se Formando! Taís Julião, Bacharel em Relações Internacionais! Quem diria... E pensar que o máximo que eu sei sobre o Exterior é a capital de alguns países. E olha que eu já confundi Taiwan com Xangai!
Depois de ganhar até uma lembrança nos agradecimentos da monografia da moça, como eu poderia recusar o convite de ir para a sua festa de formatura?! Sem contar as boas risadas, e os conselhos, que já tive com minha psicanalista de plantão.
Então, parti! Matão-Taquaritinga-Marília. E como diria meu ex-professor de Geografia, Marcão Massucato (ele me cobrava as “áreas de monções” e eu cobrava 15 minutos mais cedo para ir embora): “Deus ajuda as crianças, os Bêbados, e os Ignorantes!”, o que deve ser verdade, pois não tinha a mínima idéia de horários e lugares para onde eu devia exatamente ir.
Mas deu tudo certo. Cheguei são e salvo, e depois de encontrar meu irmão e a dona da festa, arrumar gravatas, sapatos, e afins, pronto, festa mesmo!
Muita cerveja. Entretanto, logo me rendi ao “cachorro engarrafado do homem”. E com muito gelo! Poucas lembranças sadias depois do 7° ou 8° copo...
O que me lembro melhor é do Vivaldão indo me buscar no banheiro... É importante ressaltar que não passei mal! Por algum motivo bizarro, quando bebo um pouquinho demais, vou ao banheiro e durmo. Simples e bom. Não incomoda ninguém. E nem adianta vir com sofá (O Vivaldão bem que tentou)... É, o professor estava certo, os bêbados também, os bêbados também...
Festa muito boa, pessoal nota 10! Mequequefe** (será que era isso?!), Mariana, Saci, Patrícia, Tchubaba* (é, não é só os nomes das capitais que não lembro bem), entre outros...
E como não poderia ser diferente, sai da festa e fui direto para a rodoviária. Quase passei de Taquaritinga, mais uma alma caridosa me fez o favor de me acordar quando o ônibus estava saindo... No percurso de Taquaritinga para Matão recebo uma ligação do Neto, nosso Marcelo Gleiser, dizendo que iria para os Regionais. Ah, os Jogos Regionais... Eu ainda tinha um dia para me recuperar... Ainda bem que uísque (bom) não dá dor de cabeça...

(*= Xubeba! Entretanto foi mantido o nome pelo qual o chamava).
(**= Vide foto).

1° Capítulo (23/07)- O Malucão da Geo.
Música: Roda Viva (Com interpretação de MPB-4).
Frase: “Eu não estou inscrito!”.



É chegado o dia. Depois de longa negociação (Sinceramente: foi uma discussão mesmo) batemos o martelo: sairíamos às 8:30h da manhã! (Lógico. Fui voto vencido!). Os autores da proeza?! Os irmãos Bárbaros Visigotos. (Abro um parêntese para esses dois: Acho que não conheço dois caras mais dignos e batalhadores que eles. Amigos para todas as horas, são duas pessoas que eu tenho certeza que posso contar sempre.). Neto, o Caça Vampiros (vide seu pescoço), também iria com a gente. Essas três figuras jogariam por Itápolis.
Agora era só 4 homens, várias, e várias, malas, e o Cicatriz (O Escort bege do Vidotinho). MB já estava lá (Aliás, onde MB não está? Ele tinha ido no domingo, com minhas malas e a do Vivaldão. Santo MB!). Vivaldão também estava rumando ao campo de batalha com seu motorista de 2400, mais Taís Julião e Rafael “muito doido” Blanco (Que iria jogar por Itápolis). O espetáculo então ia se construindo...
A viagem foi tranqüila. Vidotão dormiu boa parte do caminho. Vidotinho foi um leão a frente do volante (agüentou firmemente cada grito meu e do Neto, toda vez que passava um caminhão. Uma brincadeira saudável para se fazer em uma pista). Aliás, Eu e Neto reclamávamos. De tudo. Tudo mesmo. Da vida, do xadrez, dos estudos, do motorista, das malas, da estrada, do pedágio, do posto, das frases escritas no banheiro do posto, e até, de nós mesmos. O ponto alto foi a encenação de uma passagem do impagável Galvão Bueno (procurem no youtube! Não é mentira!):
“Repórter:- É Galvão, o Romário está descansando. Está aqui, comendo uma banana agora...
Galvão:- CÁLCIO!”.

E assim chegamos ao nosso destino final: Barretos. Depois de uma longa hibernada, Vidotão finalmente acordou e a única coisa que disse fez a gente errar o caminho. Coincidência (se é que elas existem) encontramos o alojamento de Itápolis, e quem diria: era o mesmo que Matão ficou nos Jogos Regionais de 2001. Um filme começou a passar na cabeça... Mas logo terminou, pois não me lembrava muito bem dos fatos, e, além disso, confundia com outros Regionais. Lá se vão já 8 anos de Jogos!
Depois de um almoço bem servido (os dois Vidotos não comem, eles processam a comida) chegamos ao local onde iríamos jogar.
Brasileiros, Americanos, Argentinos, Cubanos... Calma, não era o PAN! Estávamos mesmo nos Jogos Regionais. Tenho que confessar que essa é uma das partes mais legais, e mais estranhas, de um torneio. “Quanta gente, quanta alegria...”. Cumprimentos, cumprimentos... Rever amigos, ou conhecer amigos. Laís de Guaíra estava lá também! “Depois de conversas insanas pelo MSN e visitas ao meu blog” (palavras dela). Gente boníssima, como tinha certeza que era. Meiga, simpática, e inteligente. Uma coisa que me impressionou na equipe feminina de Guaíra, é como essa moça aparenta ser o ponto de equilíbrio. É ela que assina a escalação, resultados, e importante: sempre pontua!
Depois de tanto conversar, e de movimentos estranhos no salão devido a música que tocava, finalmente a primeira rodada: Matão x Cristais Paulista. Por capricho do destino, tínhamos duas camisas de um jeito e duas de outro. Eu e Pelúcio tivemos que “correr” ao alojamento Matonense para buscar as camisas certas. Quase jogamos com as camisetas molhadas do time de Futsal. É importante lembrar o espírito de liderança do velho Vivaldo (isso, eu sou o jovem Vivaldo- resolvendo assim, alguns problemas nominativos para muita gente e para a Laís, principalmente!) que não só fez a convocação de quem iria buscar as camisetas como de quem iria ficar. E o mais importante: ele ficou com a chave do quarto (onde estavam as camisetas certas) facilitando e muita nossa vida! Gênio esse rapaz!
Chegando realmente dessa vez para a primeira rodada, encontramos na porta nosso Monk! Jayme! “-Eu te conheço! Você não é padre coisa nenhuma!”.
Finalmente (quantas vezes eu já disse isso?!) sentamos! Antes da rodada, uma homenagem ao “Velho Malandro” Canarinho. Nada de silêncio (isso ele teve durante muito tempo em suas partidas), mas sim uma merecida salva de palmas.
No match propriamente dito: Jayme, no tabuleiro um, estava sem adversário, e provavelmente venceria de WO. Felipe no 2, enfrentando uma Stonewal (Duas notas importantes da partida: Trocar o bispo de casas pretas das negras está cada vez mais indo para o universo da lenda, ao invés da vantagem simples e clara. Agora, por mais que argumente o jovem Pelúcio: Aquele Tb1 que ele jogou é uma tremenda palhaçada!).
Vivaldão, no 3 (ah! O Vivaldão!), jogava com um figura aparentemente normal, mas que vim a saber depois, que respondia pela alcunha de Malucão da Gel. Eu, no 4, enfrentava um senhor já de idade que após alguns lances da abertura estava contando com um peão a menos e aparentemente sem muita compensação. Foi quando um fato curioso aconteceu: Na rotineira vistoria dos RGs dos atletas, murmurinho. O árbitro chamou o Ramon, que chamou o Malucão da Geo, que conversou, conversou... E nós, um olhando pra cara do outro, sem entender nada... Foi então que vemos o retorno daquela figura fantasmagórica, e Vivaldão pergunta o que tinha acontecido, e então, recebemos a primeira grande máxima, cortesia do Malucão (Com minha leitura labial treinada eu tinha entendido “Eu não existo”. Mas como? Descartes não aceitaria uma coisa dessas! Bem, isso é outra história...) : “Eu não estou inscrito!” (!!!).
Mais confusão. Primeiro para entender que fato surreal era esse, e segundo, para entender o que iria acontecer: Acabaria o match? Ou só a partida do Camarada?! Depois de um pouquinho de confusão, foi esclarecido que só a partida do rapazola terminaria, entretanto, como sua equipe ficaria em apenas 2 tabuleiros, não poderiam continuar. Início curioso para uma equipe curiosa (falo da nossa, claro!)...
Em fim, começava os Jogos. Alojamento de Matão: Comida boa, banheiros de presídio. Hora de arrumar as camas: MB tinha uma cama só para ele (teria até um altar se pedisse). Felipe, Vivaldão, e Rafael (que apesar de jogar por Itápolis iria ficar conosco) tinham suas camas em cima de mesas (justiça seja feita: a do Rafael era em cima de cadeiras!) e eu dormindo ao chão. Tenho ataques de Humildade nos alojamentos e sempre durmo no chão. É quase uma penitência franciscana... Já noite adentro, sentíamos crescer o frisson homo afetivo no quarto. E era só o primeiro dia... (Na segunda rodada teríamos Itápolis, e o Rafael bem ali...).

2° Capítulo (24/07)- Dormindo com o inimigo.
Música: Amigo é pra essas coisas (Novamente, com a interpretação do MPB-4).
Frase: “Por que não joga Te1?”.



Segunda rodada. Jogaríamos contra nossos amigos de Itápolis. É muito estranho enfrentar alguém com quem você joga, ou mais, convive, diariamente. Ano que vem, nada dessa palhaçada! Cada equipe em uma região, por favor!
Surpresa agradabilíssima era que nosso querido churrasqueiro Nebe jogaria (apesar de viajar todo dia) esta rodada e as próximas duas.
Feita a escalação sobrou para eu (“mim” fica mais bonito, não?!) torcer do lado de fora junto com o MB.
El Debs ganhou uma boa partida do Vidotão. Frare acabou diblando a fortaleza do Vidotinho. Vivaldão depois de uma abertura deverás suspeita, acabou empatando com o Rafael. Mas acredito que o ponto alto foi o empate de Jayminho e Neto.
Apesar de estar jogando com um estudante (talentoso) de Física, nosso doutor deu várias explanações para o jovem rapaz sobre a verdadeira Física. Tanto a clássica quanto a moderna:
1ª Lei de Jayme (princípio da inércia): Quando a resultante das peças que atuam sobre o tabuleiro de Jayme for nula, Jayme permanecerá em repouso ou em movimento retilíneo uniforme com a cabeça.
2° Lei de Jayme (Lei da Relatividade): Sustenta a noção de que não há movimentos absolutos no Universo, apenas relativos: chegar atrasado para a rodada? É relativo. Não Jogar Te1?! É relativo também...
Por fim, para fechar, Jayme mostrou para o nosso amigo que não só de Física vive o homem. Da filosofia veio:
Aforismo de Jayme: “Cogito ergo dolo” (Adaptado de “Cogito ergo sun”): “Penso, logo apuro”.
Mais um dia se passara. Riberão Preto ganhara apertado de Franca. O encontro conosco era inevitável...
Voltamos ao gelado alojamento Matonense. Gelado pelo frio e não pelo calor humano. A progesterona subia a níveis alarmantes. Eu, que fui outrora batizado por MB como “Fauno Devasso”, não estava suportando. Vivaldão, completamente dopado, estava impossível. Acredito que tenha sido o remédio de gripe que MB o dera. Sobrava comida mais faltava água...

Um comentário:

Anônimo disse...

ÔRRA MEU! UM EXEMPLO DE VIDA, TANTO NO PROFISSIONAL QUANTO NO PESSOAL! hehehhehehe
É isso Vivaldinho, boa memória!
Sáude e Sucesso para a THAÍS! Enfim...formada. (Anseios de todos que ainda cursam ALGO)
VALEW!