quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Memórias (quase) Póstumas – Jogos Abertos do Interior: Piracicaba 2008 (PARTE I)

AFrase do mês: “Matamos o tempo; o tempo nos enterra.” (Machado de Assis – Memórias Póstumas de Brás Cubas).

Seguindo um projeto quase paralelo, mas, contudo, não de menor investimento que o da emissora Rede Globo com a mini-série Capitu (será que só eu e o Ferreira Gullar achamos que ela traiu? – com exceção do Bentinho, claro) e valendo-se da máxima “porque não?!” unida a um surto de plágio e megalomania, além de, sobretudo, tentar com esse malabarismo desajeitado esconder tudo aquilo que já esqueci sobre o que eu deveria lembrar (Já sei, já sei... "é sempre a mesma história!"), o Xadrez De-Pressão apresenta, não tão orgulhosamente é verdade, as Memórias Quase Póstumas do 72° Jogos Abertos do Interior – Piracicaba 2008!

(Nota: todos os fatos aqui narrados objetivam única, e exclusivamente, a veracidade última dos acontecimentos. Contudo, em alguns casos, esse intento falhou miseravelmente... Esse detalhe, entretanto, não deprecia a narrativa. Muito pelo contrário: cada um tome para si o que bem lhe aprazer – Te agradas o delírio? Peace and Love!).

AO MARRA
QUE
POR ÚLTIMO USOU AS FRIAS MALHAS
DA MINHA CAMISETA DO
FESTIVAL IDEAL MAX EUWE
DEDICO
COM SAUDOSA LEMBRANÇA
ESTAS
MEMÓRIAS (QUASE) PÓSTUMAS


Ao Leitor

No alto de um dos seus principais posts, confessasse MI Krikor Mekhitarian que tê-lo-ia visitado mais de 1375 leitores únicos (!!!), é coisa que admira e envaidece (não só ele, mas todo o Xadrez Brasileiro). O que não admira, nem provavelmente envaidecerá, é se este outro post (sim, este aqui mesmo) não tiver os 1375 leitores de Krikor, nem 1000, nem 100, e quando muito, 20... 20? Talvez 5. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, L.Vivaldo, se adotei a forma livre (entenda “livre” como quiser – eu mesmo não a entendi), com certeza a fiz com algumas (algumas?) doses de preguiça. É, pois é... Obra de ex-jogador aposentando em atividade...

Contudo, eu ainda espero angariar as simpatias da opinião, e o meio eficaz para isto é fugir a um prólogo explícito e longo. O melhor prólogo é o que contém menos coisas, ou o que as diz de um jeito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo medíocre, digo, extraordinário, que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no (quase) outro mundo – o da semi-aposentadoria. Seria curioso, mas extenso e, aliás, desnecessário ao entendimento do post. O post em si mesmo é tudo: se te agradar, fino leitor (e enxadrista?), pago-me da tarefa; se não te agradar, pago-te com um rápa-côco, e adeus.

CAPÍTULO 1
Jogos Abertos - Piracicaba 2008

Algum tempo, ou melhor, por muito tempo (dois meses de atraso na verdade!) hesitei se devia abrir este post pelo princípio ou pelo fim. Isto é: se poria o início ou o fim dos Jogos Abertos. Suposto o uso vulgar seja “começar pelo início” (pleonasmo inevitável), duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um jogador-autor, mas um autor-jogador (isso me dá, ainda que teoricamente, mais liberdade). A segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais “novo” – e, claro, mais perto do livro do velho Bruxo (no qual a cópia não é mais tão descarada, pois, eu já dissera que a faria, não é?). Além do mais, pelo tamanho do atraso, e todo mundo querendo me matar, acho que isso é o que menos importa! Em suma: resolvi terminar o post na marra (não, não... Não no Marra. É "na marra")

Dito isso, os 72° Jogos Abertos do Interior (que ocorreu – ao menos para o xadrez – do dia 13 ao dia 17 de Novembro) terminou com as seguintes colocações na 2° divisão do absoluto (vale lembrar que as divisões eram assim compostas: Divisão especial, 1° divisão, 2° divisão, 1° divisão sub-21, 2° divisão sub-21. Idem ao feminino, com exceção da divisão especial):

1. Rio Claro
2. Mogi das Cruzes
3. Santa Bárbara do Oeste
4. Matão
5. Botucatu
6. Várzea Paulista
7. Campo Limpo Paulista
8. Sorocaba
9. Presidente Prudente
10. Votuporanga
11. Mirassol
12. Garça
13. Amparo
14. Itanhaém

Terminada a última rodada, em meio a contusões, arranhões, ressecas e afins (se acalme leitor! isso será explicado mais a frente!) eu, Mário Biava e Rafael Masselani, vulgo o Alemão, voltamos no mesmo dia para Matão, assim como Fernando Vivaldo e Eduardo da Costa Marra voltaram para São Paulo... Espere um pouco? Marra?! Chegamos a mais um dado importante: a equipe. Portanto, falemos sobre ela.

CAPÍTULO 2
A equipe

Alguns meses antes dos Jogos Regionais, em uma Galáxia muito, muito distante, a mais alta cúpula do mais alto conselho Jedi se reuniu para responder a velha pergunta do camarada Lênin: “O que fazer?!”.

Fernando Frare, por compromissos profissionais, não iria. Nem o Filipe Guerra (aquele que quando vai a gente sempre fica em segundo). Jayminho Gimenes, nosso eterno capitão, estava hospitalizado (calma, leitor! Ele já está bem... Foi só um susto!).

Felipe El Debs, o primeiro Chewbacca Jedi da história (e olha como as coisas são: neste mundo, o Chewbacca é mais forte que os Jedi... É o fim da picada) estaria nas Olimpíadas que ocorreriam na Alemanha, em Dresden. Pensamos em alugar um jatinho, para ele jogar um dia lá e outro aqui... Mas ficaria muito cansativo. Realmente: as poltronas desses jatinhos, hoje em dia, são terríveis.

Mário Biava, nosso Yoda, jogaria: "Est Factum!" outorgou o conselho (neste mundo, o Yoda não fica lá, batendo no Luke e se escondendo da briga... Cansado é o caramba! A gente joga ele no meio do "auê" e ele que se defenda!).

Vivaldão só jogaria se o Vivaldinho jogasse. Então, o Vivaldinho “jogou”.

Para completar a equipe, convocamos o jovem aprendiz de Jedi, Rafael Damus, o Alemão – não confundir com o “outro” Alemão. Não, não, caríssimo leitor... Não falo daquele rapaz do bigodinho. Falo daquele que você provavelmente tem em casa: o Fritz.

Em suma: Mário, Vivaldos (Fernando e Leonardo) e Alemão... Contudo, evidentemente, seria muito cansativo jogar em apenas 4. Portanto, resolvemos que traríamos mais um Jedi de uma outra Galáxia muito, muito, muito, muito, muito, distante... Para reforçar o time. Começaram, então, as entrevistas para o cargo:

1°) Vasyl Mykhaylovych Ivanchuk

É um menino até bom, mas meio “estranho”. Durante a entrevista, se mostrou muito nervoso... Não parava de se mexer na cadeira. Tanto que chegou até a quebrá-la... No mais, depois de algumas perguntas, Mário Biava deu o veredicto: “Loucura eu até tolero... Demência não!” (nota: O Xadrez De-Pressão não compartilha com todas as opiniões aqui expostas e a responsabilidade destas são inteiramente de seus realizadores).


2°) Fritz 11

Já estava tudo acertado, mas, na última hora, descobrimos que computadores não podiam fazer parte da equipe... Paciência.

(FOTO – Fritz 11 comentando a decepção por não poder jogar na equipe de Matão)

3°) Bobby Fischer

Seria uma ótima contratação! Infelizmente, a natureza chegou primeiro... (Mário Biava deixou, homologada em três vias, uma moção de repúdio a esse item dizendo que era uma falta de respeito uma brincadeira dessas – Perdemos na primeira estância e estamos aguardando o resultado do STF)

4°) Ronaldo, o fenômeno

Apesar de estar “meio” fora de forma, é um matador – ainda que o problema de visão atrapalhe um pouco as coisas. Contudo, ele mesmo dispensou as negociações, dizendo que tinha “outros planos para voltar ao Brasil”– fato que só viemos a entender recentemente. Bem, não ficamos bravos: é compreensível que ele queira, voltando ao Brasil, começar por baixo...

5°) Fernando César Frare

Tentamos convencer o nosso amigo Neb a abandonar o emprego para jogar com a gente, mas não deu certo – ainda assim, conseguimos levar ele 1 (um!) dia para jogar.

6°) O Messias

Ficou honrando, mas disse que “Apesar do que andam falando, não tenho data certa para minha volta ainda. Mas agradeço, de todo o coração, o convite! Fiquem comigo! Que eu os proteja! Adeus!”.

7°) Eduardo da Costa Marra

Depois de calorosas discussões (Vivaldão queria, de toda maneira, tentar uma autorização para o Fritz enquanto Mário Biava gostava da idéia do menino cabeludo e barbudo – “ele tem futuro!”) tive uma epifânia: “Porque não chamamos o Marra?” (o que passou pela minha cabeça? Provavelmente nada). Então, depois de mais algumas discussões, chamarmos o rapazola para uma entrevista e em conclave deliberamos que ele seria o escolhido:


Para tanto, segue as justificativas:

1- Pertinência estética alta (o que combinaria com o resto da equipe);
2- Noções básicas de teatro (demonstrada quando ele e o El Debs jogaram uma partida inteirinha combinada por mais de 2 horas);
3- Fez a sua aquisição do livro Peões Mágicos – do MI Herman Claudius;
4- Ele é Corintiano, então as discussões sobre futebol não levariam a lugar nenhum;
5- Parecia substituir a altura o senhor El Debs no volante – devo confessar que nesse item ele superou nossas expectativas!;
6- Tinha seu nome referido na Sociedade Sigma – honra de poucos!;
7- Esse item foi o fundamental (teoria do Vivaldão): o Poker. Explico: já faz muito tempo que a equipe de Matão vem jogando a base do blefe. E, de certa forma, vem dando certo... Mas, como toda tática, já estava ficando manjada... Então resolvemos dar uma recauchutada nela, contratando, para tanto, um especialista na área! Depois de tanto tempo no amadorismo, iríamos nos profissionalizar no blefe! ALL IN!

Recapitulação rápida da equipe (na ordem de tabuleiro – vide a foto do papel aonde o Alemão anotou a equipe, ditada pelo Vivaldão, e que o Mário Biava transcreveu - enfim: eles se entendem!):

1- Rafael Damus Masselani (Alemão)
2- Leonardo Vivaldo (Vivaldinho)
3- Fernando Frare (Neb)
4- Eduardo Marra (Marra ou “jogador de truco”)
5- Felipe El Debs (Pelúcio – seu nome só ficou pra “subir” nosso ranting. Sinceramente? Não fez a mínima diferença... Na verdade, caro leitor, na verdade mesmo, nossa idéia era, um dia, quando ele estivesse jogando “lá”, escalar o Felipe “aqui” também – para, quem sabe, ele perder uma partida de xadrez em dois continentes diferentes no mesmo dia! Será que valeria um record?! - também idéia do Vivaldão)
6- Fernando Vivaldo (Vivaldão)
7- Mário Biava (MB)
8- Filipe Guerra (muitos apelidos. "Bibipe" - segundo David Sbrissa Neto é o mais recente)

(lembrando que o Neb só jogou uma partida e o Filipe Guerra não foi – portanto, estávamos mesmo em 5).

CAPÍTULO 3
O motorista

Apresentada a equipe sabemos, portanto, quem assumiu o volante. E o Marra se saiu bem?! Muito bem! Assim que ele e o Vivaldão chegaram no salão de jogos, Vivaldão já me disse: “Vindo pra cá, na pista, a gente errou uma entrada... Sabe o que o Marra fez?! Atravessou o canteiro!”. O garoto tinha potencial! E, realmente, ele não nos decepcionou. Segue, abaixo, a lista de infrações do senhor Eduardo Marra durante todo o Jogos e os correspondentes pontos que cada uma delas acarretaria:

(Essa tabela de infrações do referido meliante é apenas uma estimativa, com margem de erro de 2 inflações para mais ou para menos – acreditamos que para mais, contudo, preferimos manter o rigor, e o caráter imparcial, da pesquisa).

Artigos infligidos: 9
Total de pontos perdidos na carteira: 79 Pontos (quase 4 carteiras de habilitação!)
Total das multas: R$ 3.043,35 (valor aproximado)

Contudo, acreditem, ou não, o senhor Eduardo Marra levou apenas duas multas, sendo as duas por Transitar em velocidade superior máxima permitida em até 20%, o que acarreta 8 pontos na carteira e, mais ou menos, 170 reais. E, só explicando um pouco cada multa da tabela: a segunda é muito simples: um motorista assim só pode estar ameaçando alguém – ou todo mundo. A terceira multa seria ocasiona devido a um pão daqueles de Semolina ("feito em casa") que você ganha de brinde nos postos de gasolina (O maior fã do mundo é o MI Felipe el Debs). O senhor Eduardo Marra, e o senhor Fernando Vivaldo, me obrigaram a jogar o tal pão para fora do carro em movimento na famosa rodovia do café, digo, RODOVIA DO AÇÚCAR (café, açúcar, está tudo ali, em algum lugar, no período colonial). Aliás: valeria também tentativa de homicídio nesse caso, pois o pão já havia criado vida depois de 5 dias dentro do carro. No mais, acreditando que todas as outras inflações são auto-explicativas, cito apenas mais duas que eu, infelizmente, não encontrei os dados pertinentes sobre elas: falar ao celular e parar o carro em cima da faixa de pedestre. Espera um pouco... Eu não falei que não iria citar as “estimativas para mais”? Bem, agora já foi...

Por fim, um ponto positivo: ele sempre usou o cinto de segurança.

CAPÍTULO 4
Grand Theft Auto: GTA – Piracicaba City

Grand Theft Auto (conhecido também pela abreviatura GTA) é uma série de jogos de computador e videogames. Os jogos são criados e desenvolvidos pela Rockstar North, empresa subdisiária da Rockstar Games e distribuidos pela Take-Two Interactive. Os jogos já fizeram muito sucesso e estima-se que já foram vendidas mais de 40 milhões de cópias em todo o mundo.*

O iPhone é um smartphone desenvolvido pela Apple Inc. com funções de iPod, câmera digital, internet, mensagens de texto (SMS), visual voicemail e conexão wi-fi local. A interação com o usuário é feita através de uma tela sensível ao toque. A Apple registrou mais de duzentas patentes relacionadas com a tecnologia que criou o iPhone.*

(*Fontes: Wikipédia)

Junte GTA e iPhone e você terá metade das noites que tive ao lado do senhores Eduardo Marra e Fernando Vivaldo (enquanto Alemão e Mário Biava dormiam sossegadamente no alojamento).

Quem já jogou GTA sabe que é um dos jogos que mais liberdades dão ao jogador: você tem toda uma cidade para explorar e qualquer veículo está ao seu alcance. Normalmente, a idéia é cumprir as missões determinadas para seguir a história do jogo. Contudo, normalmente, as pessoas gostam mesmo é de ficar matando as pessoas da rua, assaltando os carros, etc. Calma, preocupado leitor, ninguém aqui saiu matando gente na rua nem roubando nada... Mas se você já jogou GTA sabe que o único modo para se localizar no jogo é um mapa no canto inferior esquerdo da tela, similar a um GPS. E é aí que entra o Vivaldão, que comprou um fantástico iPhone e que decidiu que não teríamos problemas nenhum para sair em Piracicaba (considerando que ficamos alojado na Put.., digo, quase em Capivari): o GPS encontraria qualquer coisa! Disso, realmente, eu não duvida. O problema era o Vivaldão encontrar alguma coisa no GPS. Em uma das noites, sem brincadeira, rodamos mais ou menos uma hora e meia, completamente perdidos. Dois problemas no GPS foram encontrados:

1°) O dono dele;
2°) O Vivaldão nunca sabia se a gente estava indo pra frente ou para trás naquela coisa;
3°) rotatórias: um terror! Teve uma rotatória que nos passamos, pelo menos, umas 10 vezes. Era incrível: quando chegava lá, nossas mentes travavam e pegávamos o mesmo caminho! Não conseguíamos sair do lugar! SIMPLESMENTE INACREDITÁVEL! Foi tipo uma mistura de “A Bruxa de Blair” com “Velozes e Furiosos”.

Bom, portanto, para você que joga GTA ou tem um GPS (não confundir as siglas) fica as dicas: Cuidado com a direção, cuidado com as rotatórias e, sobretudo, não deixe o Vivaldão de co-piloto!
(nota: depois de uma série de tentativas, devemos dar o braço a torcer e dizer que o GPS acabou sendo muito útil... Algumas horas depois. Mas útil).

Fim da Parte I

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