segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Jogos Abertos 2007 (Praia Grande) Parte I

Memórias de um Enxadrista de Matão- Momentos que não me lembro, de uma semana que não esqueço. (Tomo II).
Uma Comédia em sete atos.



Nota Preliminar

Feito de maneira altamente pessoal, rápida e tendenciosa, este post foi concebidos em meus raros (raros?!) intervalos de folga duma fatigante carreira de estudante de Letras que é amalgamada por dentre delírios, TOCs, provas, devaneios, trabalhos, comemorações bacantes, estágios na arbitragem, seminários e especialmente o Xadrez, que nada tem há ver com carreira, mas é a parte principal e quase- repito, QUASE- sempre a melhor.

Este Post que a princípio se resumiria a história (e não estória, por mais que algumas passagens possam merecer) da Campanha da equipe Matonense até Praia Grande, acabou perdendo toda a sua atualidade de publicação em virtude de causas que acho desnecessário apontar (já não fiz isso lá em cima?) e que poderão ser apreendidas por entre as entrelinhas da trama com exceção de uma (que faço questão de expor): a velha “discordância desmemorial dos fatos” que vem se agravando, cada vez mais, em mim.

Ao post, então, devido a estes pormenores, arranjei-o tomando apenas algumas variantes do assunto geral, ou seja, do tema (a Campanha), que a princípio era dominante, mas que acabou figurando como mais um dos muitos fatos ali presentes.
Tentei esboçar, palidamente embora, ante o olhar de futuros enxadristas, amigos, ociosos, circenses e afins, os traços atuais de uma comédia real.

Notaremos a falta de uma caracterização exata de gêneros: teremos ora momentos da mais pura poesia (“Que Poesia! Que Poesia” – Limp), ora o drama ferrenho, duro, cru, ou mesmo a Comédia em si...

O termo comédia fora usado muito menos para definir, e sim, mais para acentuar uma intenção primeira, que de pouco, ou nada, se consolida como o teor principal destes relatos (Tragédia?).

Em suma: se para o registro mais fielmente possível usei o termo Comédia, faço porque a sua instabilidade de complexos e de fatores múltiplos e diversamente combinados, aliada às vicissitudes históricas e deploráveis das situações mentais em que jazíamos, parecem circunstranscrever melhor os fatos a seguir (bonito, não?).

E foi, na significação completa da palavra, um Papelão...

Apresento, então, os fatos de forma integral tanto quanto o permitir a firmeza do espírito e não pretendendo o deboche simples e vulgar, mas sim o riso superior do escárnio que vem de cima não só para julgar, mas para demonstrar que nada deve ser levado a sério demais...

Pois assim, acredito, faremos (eu, você que está tendo a paciência de ler e mais as personagens relatadas) jus ao admirável conceito de Marx (para delírio do Vivaldão):

“Por que tal curso da história? Porque a humanidade se separa alegremente de seu passado. ”Matão – 2007

(Lembrando que a parte I destas Memórias está contida no post de subtítulo homônimo do mês de Agosto que se refere aos Jogos Regionais Barretos-2007. De certo modo onde tudo isso começou...).

Leonardo Vivaldo

1)Ida


Já dizia uma música (será que foi mesmo uma música? Ah! Minha desmemoria...): “A Ida é sempre maior que a volta”.

Não que isso faça algum sentido agora ou que vá mudar alguma coisa do que será dito, mas, fica aí o pensamento... Sim, partimos!

Eu e Fernando Frare, de ônibus até São Carlos para de lá, unidos a El Debs, de carro, seguirmos até São Paulo para pegar o Vivaldão e de lá, finalmente, para a Praia Grande!
E para quem pensa que as coisas são simples (simples?!) assim, estes não poderiam estar mais enganados.

Chegar até São Carlos de ônibus (e perdendo ônibus!) até que é suportável. Agora, sair de São Paulo com o Vivaldão é sempre uma aventura: Vivaldão consegue nos levar sem querer para as mais badaladas bocas de fumo, zonas de assaltos e afins. Além do quê, a condução de Vivaldão se baseia em “vira aqui” e “vira ali” e sempre com a mão na cara do motorista! E nada de direita e esquerda, por que isso pode COMPLICAR muito... E o mais legal: tudo isto era feito em cima da hora, para testar a nossa paciência e os reflexos do El Debs...! Um show à parte.

Enfim, depois de muita neblina na Serra e divagações de como seria o nosso enterro caso os quatro morressem ali (carro de bombeiro, velório no estádio da cidade, cordão de isolamento!) chegamos a Praia Grande. E só encontramos o alojamento por que o zelador de Matão viu o nosso carro passando e saiu correndo atrás! Falando assim ninguém acredita, mas aquele senhor é que devia estar na corrida dos 100m... E com barreiras!

É digno de nota também que Jaiminho Gimenes, o nosso Monk, conseguiu sair de Ribeirão Preto e chegar até a Praia Grande sem errar nenhum caminho! Quase cair com o carro dentro do mar, não conta! Estávamos com sorte...

2)Alojamento e Alimentação


Já enfrentamos (no quesito alojamento) escolas agrícolas, escolas de bairros afastados, escolas que eram praticamente o próprio afastamento (a civilização não aparecia ali há muito tempo) e até escolas primárias, onde a carteira mais alta parecia um andador de bebê...

Mas a vida e os jogos passam e você vai ficando calejado... Até que um dia você fica alojado em uma colônia de férias (não é colônia penal – o que em Jogos isso não seria um espanto! – era uma colônia de férias! De férias!) com televisão, tomadas que funcionavam, banheiro individual (nada de entupimentos e constrangedores “Bom-dia” tanto a lado de seus companheiros de equipe como ao lado da equipe TODA do Basquete!). Camas (minha mãe, camas! Três Beliches para quatro pessoas! Nada de carteiras amontoadas e abrindo durante a noite! Nada de chão duro!). O ventilador de teto também funcionava e pasme tudo isso a 500 metros da praia! Não, não é brincadeira, foi verdade!

A título de nota dois jovens mancebos –entendam ALUNOS- de Matão também foram (mas ficaram só até quarta-feira): Rafael Alemão e Vanderley. E olha só: a molecada ficou em outro quarto! Não, não... Isso era demais. Só faltava ser Open-Bar aquilo lá... Mais uma vez, estávamos com sorte.

E falando em bar, que lembra comida, bem, nem tudo foi perfeito... Como era uma colônia de férias, não se tinha cozinha, então, o jeito era comer em algum dos restaurantes ali perto. Olha, talvez, um jejum espiritual não tivesse sido uma má idéia. Acredito, humildemente, que a comida veio manter a tradição só que invertida: Normalmente é comida de hotel e banheiro de presídio, mas dessa vez foi quarto de hotel e comida de presídio. Tirando o dia em que comemos um belo rodízio em uma churrascaria e mais as porções de camarões nos quiosques da praia, não terei outras boas lembranças gastronômicas... (a comida não era tão ruim assim. Estava até boa. Mas um pouco de drama não faz mal pra ninguém, certo?!).

Voltando ao alojamento... Tínhamos três beliches. Eu, Vivaldão e Felipe dormimos em baixo. Frare dormiu em cima da minha (...?!).

Tudo correu tranqüilo no quarto. O banheiro não entupiu. Dormimos quase todos os dias até as 11 horas da manhã, e só não dormíamos mais por que o restaurante que servia o almoço fechava mais ou menos ao meio-dia. Acontecimentos que se fazem necessários o relato:

- Os passeios constantes que Frare fazia pelado pelo quarto. Acho que o vimos mais pelado do que de roupa. Pelo menos no quarto. Segundo Felipe “nem é preciso mais olhar: é só eu fechar os olhos que tenho a imagem cristalina em minha mente”;
- Ouve certa reclamação de Frare e Felipe sobre a demora dos Vivaldos no banho e na “arrumação”... Pura inveja!
- Não faltaram demonstrações homo afetivas no quarto. Contabilizaram
duas, ou três, constrangedoras carícias no jovem Felipe.
- Eu apaguei as fotos que meu querido irmão fez o favor de tirar enquanto eu tomava banho. “Sem Noção” é pouco para o velho Vivaldão;
- Frare sempre acordava com algumas frases do tipo: “Porco cu, Porca Madonna!” ou (quando era para acordar alguém) “Acorda aí, cornuto!” Esse é o Padrão Frare de Qualidade!
-Certa manhã, fomos acordados por vozes femininas (por volta dos seus 60 anos) falando das maiores perversões possíveis! Marquês de Sade e toda a cidade de Sodoma ficariam corados: eram as “meninas” da limpeza! Nosso amigo Moacir (o Mô), motorista e dirigente, caridosamente resolveu dar uns docinhos as moças para ver se elas se acalmavam. Logo depois de entregá-los, quando virou as costas, ouviu a máxima, de uma das senhoras: “Eu queria era amooor!”;

3)Música, TV e PC


As músicas, na ida, se resumiram em muito Paradise Lost (banda que aprendi a apreciar graças ao Frare). Entretanto, nas rodadas que não joguei (e foram muitas, para não dizer QUASE todas. O que na verdade mereci mais pela minha atual incompetência – não que antigamente tenha tido alguma- do que pela escalação em si), ouvi muito Zeca Baleiro.

Mas depois consegui baixar dois álbuns do Iron Maiden e isso salvou um pouco as coisas. Não que eu seja “o metaleirão”, como diz o Frare, mas é que ultimamente, preciso de barulho. Quanto mais inconsciente a música ficar para mim, melhor... E não vou divagar sobre isso aqui!

E foram essas músicas, ouvidas no celular hit-tech do Vivaldão, que me salvaram do colapso nervoso do lado de fora!

No alojamento ouvimos de tudo um pouco. Certo dia Felipe ouviu umas músicas que não sei se eram de uma banda ou se era uma coletânea de várias bandas, mas que sinceramente, espero nunca saber! Ah, o Jaiminho Gimenes gosta de Rock! Por exemplo? Deep Purple!

E estávamos bem hit-tech’s mesmo: Tínhamos dois lap top’s no quarto. Três se contarmos o do Jaime que estava no hotel! E nada de preparação com eles: Muita música e muito Civilization III by El Debs. Eu e Frare só assistíamos...

A televisão não foi tão usada. Um pouco de jornal, programas de variedades e o desenho Transformer (o Frare que assistia!).

Memorável foi o comentário de Frare sobre um daqueles comercias do tipo “Disk-amizade”:

(Cada um na sua cama, com exceção de Felipe, em pé, Todos olhando a televisão. Passa o referido comercial e duas moças tentam convencer o pessoal a ligar. Frare Olha e diz):
-“Olha que duas Bisc@4$%&*#!” Mais uma vez: Padrão Frare de Qualidade!


4)Estudos e Particularidades


Quantas e quantas almas ingênuas levam livros, apostilas, e semelhantes, para Torneios e Jogos?! Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra!

A equipe, com exceção do Jaime, mas que apesar disso é o mais estudioso, pois é um médico sempre bem atualizado e bem informado (não só em sua área: suas explicações sobre Física Quântica que o diga!) todos estão estudando. Temos dois universitários (eu e Frare- este já na segunda faculdade) um mestrando (Vivaldão, na Pedagogia, ops, brincadeira, SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO) e um vestibulando (El Debs, que abandonou a engenharia para ir se divertir mais uma vez nos vestibulares da vida. Fez 61 pontos no ENEM!).

Eu levei quatro livros:

-Clepsidra,(o Vivaldão tentou ler uns sonetos. Até ficou bom, mas parecia mais os Contos da Cripta),Morte em Veneza, As Meninas e O Estudo Analítico do Poema.

Saldo Final: o fichamento que eu deveria ter feito sobre o livro de Antônio Candido (o que citei por último) se resumiu a algumas anotações feitas em UMA folha daqueles bloquinhos de anotações da Federação. Li mais ou menos 10, 15, páginas do livro do Thommas Mann. E só.

El Debs levou duas apostilas do cursinho. Segundo o próprio, ele deveria ler algo sobre o período colonial no Brasil. Ele pegou duas vezes nas apostilas. Cerca de... 15 minutos.

Vivaldão levou alguns livros e Xerox de livros... Nem tirou da mala.

Frare não levou nada.

Particularidades interessantes: o conhecimento de Vivaldão sobre castores.Você sabia que esses bichinhos constroem casas que nem os Ursos conseguem destruir?! Bem, o Vivaldão sabia! Discovery Channel ficaria no chinelo!

E se você jogou os Abertos, responda rápido: quem eram aquelas cabeças que tinham em frente ao local de jogos?! Você também ficou com medo de cair quando passava de um salão para o outro?! Você também pagou por engano um tal de seguro contra assalto no caixa eletrônico?

Para finalizar, um forte enxadrista do interior, que disputou os jogos por uma de nossas cidades irmãs, nos relatou o seguinte:

“No quarto que fiquei tinha duas camas. Uma de casal e outra de solteiro. Pensei como seria conseguir duas moças, para dormirem comigo, uma em cada cama. Mas, como não encontrei, acabei dormindo sozinho. Na cama de solteiro”!

fim da parte I

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