sábado, 4 de abril de 2009

Aconteceu em Dresden... Olimpíadas de Xadrez 2008 – Alemanha

O que falar das olimpíadas de Dresden?! Eu nem estava lá... E foi pensando nisso que disse: “Felipe, tire o maior número de fotos possíveis!”. E adivinhem?! Ele tirou impressionantes 3 (TRÊS! TRÊS!) fotos! (sendo que ele aparece só em uma – e nada tem haver com xadrez!). O que eu faço?! Mando matar?!

Voltado ao assunto (se é que eu sai dele alguma vez), na época pensamos até em fazer uma cobertura diária, partida por partida, mas enquanto o senhor Felipe El Debs comia schucrutes em um hotel com diária em torno de 500 dólares, nós estávamos batendo peças no interior de São Paulo, nos Jogos Abertos - alojados em uma escola de ensino fundamental e acordando com o aprazível sol das 9 horas (é nessa hora que o sol fica insuportável - e é quase impossível continuar fingindo que a luminosidade que você estava "sentido" é igual aquela quando sua mãe abre a porta do seu quarto). Portanto, isso ficou impraticável.

Novamente, voltando ao assunto (agora me pergunto: não seria a falta de assunto?!), nem foi a ausência de comunicação como o Felipe que atrapalhou falarmos das Olimpíadas, pois conversávamos com ele todo dia, depois das rodadas de Dresden. E ele sempre perguntava alguma coisa de preparação para o Vivaldão (sim, sim... Não tem cabimento!).

O que eu quero dizer é: tirando o fato de que ele viu muita coisa interessante como: a cara que o Radjabov fez quando abandonou contra Van Wely – para alegria do Sigrist; os seguranças do Krammink; o dedo de prosa que teve com o Topalov; a decepção com a vitória do Carlsen na primeira rodada – sim, os Tops também enrolam!; é difícil extrair mais alguma coisa... Mas, enfim, vamos tentar.
Portanto, segue, abaixo, a matéria publicada no jornal de Matão “A Comarca” sobre as Olimpíadas de Dresden (qualquer semelhança com o texto sobre o mesmo, que se encontra no Blog do MI Disconzi, é mera coincidência – singularidades modernas! Sem direitos autorais, certo?! Desculpe mestre, é que na correria de mandar a matéria para o Jornal, bem, sabe como é...):

“Entre os dias 12 e 25 de novembro, aconteceu, em Dresden, (Sajonia, Alemanha) a 23ª Olimpíada de Xadrez. Participaram da competição 156 equipes de 152 nações distintas – apresentando, em sua grande maioria, os melhores jogadores de seu país. "A vitória ficou nas mãos da fortíssima equipe da Armênia. Aliás, sagraram-se bicampeões, a frente de Israel, Estados Unidos, China e da temerosa equipe da Rússia, que obteve apenas uma modesta quinta colocação", reporta Leonardo Vivaldo, diretor do Clube de Xadrez de Matão (CXM).

"A China também faz muito bonito nos tabuleiros, a exemplo dos esportes disputados em Pequim. Já faz algum tempo que a Rússia não possui mais a hegemonia enxadrística, como ocorreu durante praticamente todo o Século 20. Contudo, vale lembrar: com exceção da China (na verdade, se pensarmos bem, também não é uma exceção, muito pelo contrário), todas as dez primeiras colocadas tinham algum vínculo com a antiga União Soviética: ou são países que faziam parte dela ou seus jogadores são formados por expatriados da mãe Rússia. Curiosamente esse é o caso dos Estados Unidos, por exemplo, que conta com os seguintes 'americanos': Gata Kasmky e Alexander Onichuk. Stálin deve estar se revirando no túmulo...", comenta Leonardo.

A equipe brasileira - que terminou em uma honrosa 58ª colocação, atrás do Paraguai, mas a frente da Argentina - contou com dois Grandes Mestres: Jayme Sunye e Darcy Lima (ex-presidente da Confederação Brasileira de Xadrez - CBX); dois Mestres Internacionais: André Diamant (o mais novo da equipe, com apenas 18 anos) e Cícero Nogueira Braga - que já defendeu a equipe de xadrez de Matão na década de 90 - e por fim, o Mestre Fide - mas já MI por direito: o matonense Felipe de Cresce El Debs.

"Por si só, esse fato já seria histórico: é a primeira vez que um integrante da equipe matonense disputa o mais importante torneio de xadrez do mundo. Contudo, mais que isso, Felipe - atualmente o 14° maior Ranting do xadrez brasileiro; e que recentemente conseguiu a obtenção do Título de Mestre Internacional -, fez uma participação brilhante - para afirmar o mínimo - somando 8 pontos em 10 possíveis. Ele deixou de jogar apenas uma rodada - a primeira -, pois havia perdido o crachá que permitia acesso ao salão do torneio! O Felipe fez um Ranting performance de 2.590 pontos - além de somar mais 19 pontos de Ranting - realizando assim, não apenas uma norma de Grande Mestre, mas sim duas!", relata Leonardo.

"Acontece que o peso de uma norma, em Olimpíadas, é dobrado. Os títulos de Mestres são divididos pela Fide em três categorias: Mestre Fide, MI e GMI. Enquanto o título de Mestre Fide é conquistado apenas quando o jogador atinge uma pontuação superior a 2.300 pontos de Ranting Fide, os títulos de MI e GM são conquistados somente depois que o jogador consegue realizar no mínimo três 'normas', ou seja: jogar um número 'x' de partidas contra jogadores que já tenham o título; e conseguir 50%, ou mais de pontos contra esses jogadores. Para cada torneio que o jogador atinge essa média, é computada uma 'norma'", explica.

Leonardo lamenta a falta de três GM´s Brasileiros: Rafael Leitão, Gilberto Millos e Giovanni Vescovi. "Eles ficaram disputando os Jogos Abertos do Interior de São Paulo. Muitos enxadristas podem achar um absurdo trocar Dresden pelo Interior Paulista, mas é necessário compreender que a maioria dos enxadristas profissionais no Brasil tem como principais fontes de renda os patrocínios das Prefeituras. E os Jogos Abertos é o subsídio do patrocínio. Além disso, os jogadores podem contar com patrocínios privados, aulas particulares, premiação de eventos (ainda que, muitas vez, escassos – mas já se melhorou muito!), cachets por participação em torneios fechados (limitados), simultâneas (ocasionais), cursos e palestras", coloca.

"Contudo, a CBX agiu bem em se preocupar logo no início do ano com a formação da equipe, permitindo tempo para que os jogadores pudessem treinar, se prepararem fisicamente, técnica e psicologicamente, montando uma agenda de participação em eventos durante o ano. Em edição anterior também houve a feliz idéia de reunir a equipe olímpica com o treinador russo Mark Dvoretzky. E, claro, não podemos esquecer que a CBX cobriu todos os custos da viagem a Dresden", frisa Leonardo.

No final desse ano, El Debs ainda deve se preocupar em sanar seus compromissos acadêmicos - é estudante de Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) - e voltar a tempo para comemorar seus grandes feitos com os colegas enxadristas de Matão. "Vale lembrar que ele presenteou o amigo Fernando César Frare com uma garrafa de Absinto e eu com uma garrafa de Vodka", sorri Leonardo.

"Sinceramente, não estava entendendo muito bem o que era participar de uma Olimpíada de Xadrez. Parecia mais uma viagem como outra qualquer – como ir para os Jogos Abertos - só que de avião. Mas, chegando lá, vendo todo aquele pessoal que só ouvíamos falar – mais o lugar em si – tudo muda! Foi uma experiência fantástica! Com certeza, um dos maiores prazeres enxadrísticos que já tive", resume El Debs, que nascido em São Carlos, é considerado Matonense nato pelo CXM.”

Seguindo, para não perdermos as fotos que foram enviadas pelo mestre El Debs, façamos, portanto, uma breve reconstituição dos fatos (quais serão as três fotos verdadeiras e quais são montagens?! Tentem descobrir!):

(A vista do quarto do hotel onde nosso intrépido mestre ficou - não parece uma das fases do Call of Dutty?)

(assim que Felipe chegou no aeroporto de Dresden, logo, já se sentiu em casa...)

(fazendo um boquinha! Ninguém é de ferro...)

(Olha ele de novo aí! Haja Neve - nota que os dois intrusos da fotos - lado direito - não estavam jogando o torneio, mas tinha 2308 FIDE - e uma norma de MI cada)

(E porque não o lazer?! Nosso mestre também é um grande pé de valsa!)

(Isso a história não contou: Felipe passou mal, lá em Dresden, com uma forte dor de dente... mas organização de primeira: prontamente foi atendido!)

(Meio indiscreta essa fotografia...)

(Comemoração depois da norma! E toma dança de novo! - não parece o Karpov com ele?!)

(Sempre responsável, Felipe comemorando com um refrigerante! - dissem até que ele vez sucesso com essa história)

(Mal conseguiu a norma Felipe já correu para o computador nos avisar! - coisa que ele fazia todo dia, aliás: conversar com a gente!)

(Felipe na volta, comemorando! E quem foi buscar ele no aeroporto?! Sim! Ele mesmo! Gabriel Salim Name!)
(Felipe no avião - seria o irmão ao lado?!)

Para finalizar: abaixo duas partidas do MI Felipe El Debs, com comentários gentilmente cedidos (sem saber!) pelo MI Rodrigo Disconzi (em caso de processos, entre em contato com José Roberto de Oliveira Júnior – o Tekinho).

(nota: na segunda partida, como todo o respeito, deixei alguns comentários meus que vão com a marca LV)

Danielsen, Hen (2492) - El Debs, Felipe (2447) [A07] 38th Olympiad Dresden GER (5), 17.11.2008

1.g3 d5 2.Cf3 Cf6 3.Bg2 c6 4.d3 Bg4 5.0–0 [Brancas poderiam retardar um pouco o e5 preto 5.b3 Cbd7 6.Bb2 e6 7.Cbd2 Bd6 mas cedo ou tarde e5 viria.]

5...Cbd7 6.h3 [Para um possível g4 no futuro]
6... Bh5 7.Cbd2 e5 8.e4 dxe4 [outra opção seria não tomar em e4, para não ceder a casa c4, mas o centro preto seria minado. 8...Bd6 9.exd5 (9.c3 0–0 10.Dc2 Te8 11.Te1 a5 12.a4 Db6 13.Cb3 Tad8 equilibrado)

9...cxd5 10.c4 0–0 (10...d4 teria uma estrutura Benoni invertida.) 11.cxd5 Cxd5 complicado.] 9.dxe4 Bc5 [9...Be7 Seria outra opção, deixando a casa c5 livre para a manobra Cc5-e6-d4. 10.a4 Para ganrantir o uso da casa c4. 10...a5 11.De2 0–0 12.b3 Te8 13.Bb2 Dc7 14.Tfd1]

10.De2 [Mais jogado é 10.De1 com planos de Ch4-f5 ou f4.]

10... 0–0 11.Td1 [11.g4 Bg6 12.Ch4 Te8 para ocupar a casa f4. 13.Cf5 Cf8 14.Cb3 Bb6 15.Bg5 Ce6 16.Tad1 Dc7 17.Be3 Cf4 0–1 Camara,H (2320) -Vaganian,R (2545)/São Paulo 1977/EXT 98 (55)]11... Dc7 12.a4 a5 13.b3 [13.Cb3 Bb6 14.Be3=]

13...Tfe8 14.Bb2 Cf8 15.Cc4 C6d7 16.Ce3 [16.Bc3 f6 17.Td2 b5 (17...b6) ]

16...Ce6 17.Cf5 [17.Cc4 Cd4]

17...Tad8 18.Td3 f6 19.Tad1 Cdf8 20.Bc3 b6 21.T3d2 Cg5 22.h4 [Debilita um pouco a ala do rei, mas alivia a pressão do Cg5 e permite Bh3]

22...Cge6 23.Bh3 [a posição das pretas já atingiu seu limite de reforço e ajustes, não há muito o que fazer]
23...Txd2 24.Txd2 Td8 25.Rg2 Txd2 26.Dxd2 Dd8 27.De2 [27.Dxd8= devido a posição embolada das peças na ala do rei, brancas deveriam se contentar com a igualdade.]

27... Bf7 28.Bg4 h5 29.Bh3 Cg6 30.Rh2 Ce7 31.Bg2 Dd7 32.Bh3 Cxf5 33.Bxf5 g6 34.Bh3 Dd6 35.Bf1 Rg7 36.Rg2 Bb4 37.Bb2 Dd7 38.Rg1 Bc5 39.Bc3 Dd6 40.Dd3 De7 [parecia tentador 40...Dxd3 41.Bxd3 Bb4 mas 42.Bxb4 (42.Bb2? Cc5–+) 42...axb4 43.Bc4 Cc5 44.Bxf7 Rxf7 45.Cd2=]

41.Bh3 Bb4 42.Bxb4 axb4 43.Bxe6 [43.Bf1; parece mais ativo 43.Da6!? Dd8! (43...Dc5 44.Db7÷) 44.Bxe6 (44.Db7? Cc5–+; 44.Bf1 Dd1µ) 44...Bxe6÷]

43...Bxe6 44.De3 c5 45.Cd2 Dd6 46.Rg2 Dd8 47.f4!? exf4 48.gxf4 Bc8 49.Rf2 Bb7 50.Cf3 Dd1!? [Buscando jogo. 50... De7 51.e5 fxe5 52.Dxe5+ Dxe5 53.fxe5 Be4 54.Ce1 Rf7 55.Re3 Bf5=]

51.Dd3 Dxd3 52.cxd3 Bc8 53.d4 cxd4 54.Cxd4 g5! 55.Rg3 gxh4+!? [desequilibrando a partida. 55... g4 56.f5=]

56.Rxh4 Bg4 57.Rg3 Rf7 58.Rh4 Bd1 59.Rg3 Re7 60.Rh4? [60.e5!= era essencial para bloquear o rei preto]

60...Rd6 61.Rg3 Rc5 62.Ce6+ Rd6 63.Cd4 Bg4!–+ [E o bispo domina o cavalo. Excelente técnica de finais de Felipe]

64.Cb5+ Rc5 65.Cc7 Rd4 66.Cd5 [66.e5 fxe5 67.fxe5 Rxe5 68.Ca6 (68.Ca8 Rd4 69.Cxb6 Bd1 70.a5 Rc5 71.Rh4 Bxb3 72.Rxh5 Rb5 73.Cc8 Bd5–+) 68...Bd1 69.Cxb4 Bxb3 70.a5 bxa5 71.Cc6+ Rf6 72.Cxa5 Bd5–+ cercando o cavalo; 66.Ca6? Rc3–+]

66...f5?! [lance natural e que a posição parece pedir. [mais exato seria 66...Bd1 67.Cxf6 Bxb3–+]

67.Cxb4? [A melhor defesa era difícil de notar 67.Cxb6! fxe4 68.a5 Rc5 69.Ca4+! este lance que é estranho aos olhos. 69...Rc6! (o mecânico lance 69...Rb5? 70.a6 Be6 parece falhar por 71.f5 Bd5 (71...Bxb3? 72.a7! com duplo 72...Bd5 73.f6+-) 72.a7 Ra6 73.a8D+ Bxa8 74.f6 Bd5 75.Cc5+ Rb6 76.Cxe4 Bxb3 77.Cg5 Bd5 78.f7 Bxf7 79.Cxf7 b3 80.Ce5 Rc5 81.Cd3+ Rc4 82.Cb2+= e o cavalo chega a tempo) 70.a6 e3 71.Cb2 e2 72.Cd3 Rb6 73.Rf2 h4 74.Cxb4 h3 75.Cc2 Rxa6 76.Ce1 Ra5 77.Cd3 (77.f5 Bxf5 78.Rxe2 h2) 77...Bf5 78.Ce1 Rb4–+]

67...fxe4–+ 68.Cc6+ Rc3 69.Ce5 e3 70.b4 Rxb4 0–1

El Debs, F (2447) - Prusikin, M (2538) [A13]38th Olympiad Dresden GER (9), 22.11.2008

1.Cf3 [Felipe gosta de jogar posições dinâmicas e com a iniciativa, sem se importar se a ação ocorrerá somente mais tarde. A Reti e a Inglesa se encaixam bem no seu estilo.

LV: Na verdade, na verdade, o Felipe gosta de posições em que a ação aconteça beeeeeeeeem mais tarde - ou melhor: que não aconteça].

1... Cf6 2.c4 e6 3.g3 d5 4.Bg2 [4.d4 Levaria a partida para a Abertura Catalã diretamente.

LV: Sabendo que ele joga Catalã, porque ele não entrou nela?! Mistérios, mistérios...]

4... dxc4 5.Da4+ Cbd7 6.0–0 a6 7.Dxc4 b5 8.Dc6 [Retira a Torre da coluna A e da diagonal h1–a8. Não sei ao certo para quem isso é vantajoso. Mais jogado é 8.Dc2 Bb7 9.a4 para pressionar b5 com Db3 ou Dd3 e Ca3. 9...c5 10.axb5!? deixando o peão D indefinido se vai a d3 ou d4, permanecendo nos terrenos da Reti/Inglesa.]

8... Tb8 9.d4 Bb7 10.Dc2 c5 11.Bf4?! [Aqui notamos um aparente ganho de tempo em relação à posição da torre preta, mas isso não quer dizer muita coisa, pois c8 parece a casa natural dela. Já o Bispo em f4 costuma ali se alojar quando tem certa estabilidade

LV: O velho e bom otimismo do senhor El Debs - a aparência não é tudo mais é 100%].

11... Tc8 [e agora Felipe tem mais problemas a resolver do que seu oponente.

LV: Realmente: Felipe é um garoto problemático. Esses dias, na FGV, ele conseguiu ser expulso da sala].

12.Cbd2 [Solução "cool". Deixar pretas ganharem um peão central e seguir jogando como se nada tivesse ocorrido. Aliás, nas vezes em que enfrentei Felipe pude notar esta característica em seu jogo

LV: Ou seja (traduzindo): ele pendura e finge que não está acontecendo nada].

12... cxd4 13.Dd3 Be7 [13...Cd5 seria um lance que me incomodaria.

LV: Nada incomoda o velho El Debs. Ele não tem pudor]

14.Tac1 0–0 15.Cxd4? [Nesta fase inicial do jogo, Felipe correu certos riscos e a impressão que meus comentários podem causar é que quero mostrar que ele jogou mal. Mas não se enganem com isso, pois ali, na hora da partida, diante do tabuleiro, a quantidade de pressão que coloca-se no adversário pode contrabalançar posições não muito boas. E isso conta muito para ganhar partidas. 15.Dxd4 Cd5÷

LV: É... Verdade. Mas, convenhamos: ele jogou mal mesmo! ]

15... Txc1 16.Txc1 Bxg2 17.Rxg2 [Esta troca pode parecer uma ofensa aos jogadores da catalã, pois troca o baluarte da diagonal. Mas é um tema posicional recorrente a troca dos bispos para tentar invadir o campo preto via c6].

17... Cc5 [Nessa posição, especificamente, pretas não deveriam sofrer nada devido ao jogo ativo no centro.

LV: Mas a vida... A vida é uma caixinha de surpresa! ].

18.De3 Cd5 19.Df3 Cxf4+ 20.Dxf4 Bg5 21.De5 Cd7 22.Dd6 Bxd2 [até aqui o jogo preto parece ter sido natural e sem erros.

LV: só houve um erro: sentar ao tabuleiro e achar que sairia impune].

23.Td1 Bg5? [23...Da8+! 24.f3 (24.Rg1 Cf6 25.Txd2 Ce4) 24...Bg5 25.Dxd7 Td8 26.Dc7 Bf6 27.e3 e5–+]

24.Cc6 [Enfim a posição branca ganha sentido.

LV: a posição branca, talvez, sempre tenha tido sentido... Ao menos pela lógica distorcida e psicótica do El Debs - Está bem, está bem, não tinha não...].

24... Da8 [Natural, cravando, defendendo c6 e ativando a Tf8. Mas as vantagens pretas deste param por aqui, pois não há potencial de melhora em suas peças e o Bg5 só anda pelas casas pretas...Já as peças brancas tem potencial muito maior. 24...Df6 25.Dxd7 (25.h4 Bh6 26.Dxd7 Dxb2 27.Ce7+ Rh8 28.Dd8 g6) 25...Dxb2 E aqui as pretas tem um peão a mais, mas as brancas tem um certo domínio, devido a Tf8 passiva. Na prática, pretas notaram que Felipe entregou um peão, cedeu o par de bispos e depois deixou peça no ar para depois recuperar, não demonstrando medo de nada. Esta atitude incomoda bastante o adversário, pois ele tem dificuldades em avaliar as posições, pois sabe que seu rival , que aparenta ser “insano e destemido”, sempre vai gostar das suas posições resultantes onde há certa "quizumba".

LV: A melhor seqüência de comentários do ano (2008) no xadrez brasileiro. Vamos por partes:

1°) "entregou um peão"+"cedeu o par de bispos"+"deixou peças no ar" = "demonstrando medo de nada". Em suma: vai jogando por rumo e aos "trupicões". Vale a máxima: Deus ajuda as crianças, os bêbados e os ignorantes)

2°) "Esta atitude incomoda bastante o adversário". Traduzindo: O adversário pensa: "que raios de @#$¨&* esse capivara está fazendo?! Tenha dó..."

3°) "Insano e Destemido". Insando e destemido... INSANO E DESTEMIDO! A melhor, disparada!, definição que já ouvi sobre o estilo do Felipe. Simplesmente Genial. Traduzindo: completamente louco e desbaratado. Non sense!

4°) 'Quizumba"! Eis a chave d'ouro do soneto! Em suma: só restava tentar enrolar... E deu certo!]

25.Dxd7 Tc8 26.Td6 g6 [Quando não se tem o que fazer, a tendência é piorar aos poucos. 27.e4!± ameaçando isolar o Bg5 do jogo].

27... Tf8 28.e5! [28.f4 Bf6 29.e5 Bg7 30.Rh3 Seria possível mas pouco objetivo, além de deixar o rei em temas de perpétuo mais tarde.]

28... Bc1 29.f3! [Muito objetivo e bem calculado!! Brancas invadem território preto via sétima e casa d8].

29... Bxb2 30.Dc7! Rg7 31.Td7 g5 [desespero

L.V. "Ai, aiai, aiaiai... Tá chegando a hora... O dia já vem raiando, meu bem! E eu tenho que ir embora..."]

32.Cd8+- Rg6 33.Dc2+ Rh6 34.Cxf7+ 1–0

Para fechar, os presentes que recebemos do mestre El Debs (o que a delegação brasileira há de ter pensando sobre nós?);




















1°) Vodka com erva tropical exótica para o Vivaldinho;
2°) Absinto (70% álcool), para o Frare;
3°) Gold Label, 18 anos, para o Vivaldão.

Presentes curiosos...
Bem, é isso. Parabéns, Felipe, pelas normas! E parabéns para toda a delegação brasileira - masculina e feminina!

Abraço!