sábado, 4 de agosto de 2007

Jogos Regionais 2007 (Barretos)- Parte II

3°Capítulo (25/07)- Face a Face com o Inimigo.
Música: Maluco Beleza (Raul Seixas. “Toca Rauuuul!”).
Frase: “Estamos criando Laços!”.



Acordei. Tinha dormido feito uma pedra (O chão ajudou nisso). Indo para tomar banho, como de costume, faltava água. Sem ter o que fazer, fui convidado a assistir a um jogo de vôlei feminino no estádio perto da escola onde estávamos.
O Jogo era sofrível. Acho que elas combinaram antes que não valeria “cortada”. Em um dos intervalos do Jogo a “Torcida” ovacionou: “Vivaaaaaldo, Viad...”. Era o pessoal de Guaíra (Rafael, Cléber Fischer, Grego, e companhia) fazendo uma homenagem carinhosa para o jovem Vivaldo. Fico devendo uma pra vocês!
Voltando ao alojamento, resolvemos a escalação: MB jogaria. Eu, e agora o Jayme, iríamos sofrer do lado de fora.
Fato curioso: as duas equipes tomaram “a finta” na hora de escalar. Ribeirão baixou um tabuleiro e nós subimos um. (antes que eu me esqueça: Foi aniversário do Neto! Comemoramos no bar embaixo do salão).
Felipe venceu a Gilmar de maneira convincente (só para Ribeirão, não para nós nem para o próprio Felipe). Nebe teve suas peças socializadas pelo, ou melhor, para o, GM Neuris Delgado (Ah! Esse é meu chegado!). Vivaldão ganhou boa partida do MF, e amigo, Álvaro Aranha (Quando precisa o “Bedidão” firma o pêlo! Acho que é a convivência com o Peludo. Entenderam?! Pêlo, Peludo...? Péssima piada...). E MB acabou perdendo para o Name. Depois de jogar mal a abertura (pendurar um peão) e tentar complicar o meio-jogo dando mais um peão, e até conseguir chegar a um final empatado de torres (!!!) Seu Mário acabou cedendo...
Faz muito tempo que ficamos forçando o MB a jogar. Acho que a questão não é só MB jogar, ou não jogar, mas a sua presença. O efeito (placebo, talvez?) de apenas ver o vulto sacrossanto da figura mor do xadrez Matonense está em um plano superior a uma mera participação nos tabuleiros. É algo transcendental, e que não pode ser mensurável em uma simples partida...
Empate. A trama se complica. A noite, rápida saída com o pessoal de Ribeirão (mais o Ramón). Obviamente uma música dedicada ao Name! E ele cantou e tudo! Conversamos por longo tempo...
Voltamos cedo. No dia seguinte teríamos Franca, parada dura. MB, como nunca saia com a gente, estava olhando o ninho de uma rolinha que tinha na árvore que dava para a janela do nosso quarto (!!!). Depois de algumas partidas de truco QUE NÃO IRIAM MUDAR MINHA VIDA, e a reclamação de um cara do judô, finalmente fomos dormir. Um frio insuportável. A noite não poderia ser diferente: o mundo é cor de rosa.

4° Capítulo (26/07)- Crônica de um Mate Anunciado.

Música: Black Sabbth (Ozzy. Do CD Speak of The Devil).
Frase: “A maior desgraça deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles!"


Como de costume estávamos sem água para o banho até as 10 horas. Então, uma ida até o ginásio para assistir a mais um jogo de vôlei. Só depois o banho. É incrível como esse aspecto sombrio dos jogos não é mostrado: os banheiros. Não sei o que é mais ridículo, tomar banho e um estranho aparecer no banheiro (como se nada tivesse acontecendo) ou um conhecido aparecer (aquele constrangimento, olhar no chão...).
Tirando isso, estava tudo relativamente normal. Jogaríamos com a nossa equipe que venceu o InterClubes: Tony Ramos, Nebe, Roy e Hardy. El Debs jogaria, de pretas, contra o MI Norte Americano, que é Argentino, mas parece Iugoslavo, Robert Hungaski. Partida dificílima, e o empate já era computado como um resultado provável e bom. Nos outros tabuleiros não tínhamos muita certeza de como seria, então, restava esperar. E foi durante essa espera, conversando sobre as possibilidades contra o MI multi-étnico, que MB profetizou ao jovem peludo: “Você vai ganhar do danado!”. Já começa e pairava algo de desconhecido sobre o time Matonense... Os olhos de Vivaldão brilharam...
Após algum suspense sobre a escalação de Franca, sentamos aos tabuleiros. El Debs e Robert, Frare e Lindolfo, Vivaldão e Evandro, Jovem Vivaldo e Serginho. Frare jogou firme, e depois de uma abertura um pouco imprecisa do amigo Lindolfo, conseguiu o ponto. Eu, depois de receber com surpresa o primeiro lance de meu adversário e jogar uma abertura “por rumo”- que nem a bússola que eu levei (não sei para quê!) ajudaria- consegui sair com considerável vantagem do apuro de tempo. Entretanto, logo depois, “Joguei feito um idiota” e acabei deixando escapar meio ponto. Mas, antes disso, em meio ao vai e vem de peças, olhei para meu lado e vi: Vivaldão estava COMPLETAMENTE perdido. Ia tomar mate...
Aviso o Nebe (que a essa altura já tinha ganho): “O Vivaldão vai tomar mate”. Bem, paciência... Volto a minha partida. Nesse dia, cada lance que fiz correspondeu a mais ou menos a cada vez que fui ao banheiro! Não sei se foi o suco (que bebi demais no almoço) se foi as duas garrafinhas de água (!!!) ou o frio (“Que retêm água, então...”). Mas devo confessar que tal atitude poderia render um patrocínio do Fritz-Krammik-Bathrool de bolso! Mas não foi o caso...
Em meio a minhas “andanças”, olho de novo para o Vivaldão (“Por que não abandona?! Está pensando que é australiana?! Está esperando peça?!”). Bispos de cores opostos, uma torre para cada lado... Peões iguais (juro que demorei a entender!?) !!! Truque de espelhos?! Hipnotismo?! Uri Geller?! Tomas Green Morton?! Mister M. foi rebaixado a um daqueles caras que ficam, na praça da Sé, com uma bolinha escondendo nos copinhos...
Corro para a platéia: Vai empatar! Tumulto em volta da mesa... Não era só Ribeirão que tinha um GM, nós também tínhamos: GM (Grande Mago) Vivaldão!
Nessas alturas eu já tinha feito muita besteira e empatara. Olho para o lado mais uma vez, para a mesa 1 agora, onde Felipe ainda estava lá, sólido. Passivo, mais sólido. Logo, essa partida também já acaba e corro lá para saber o que tinha acontecido (já certo do empate). Lembro-me muito bem do que vi na planilha: 0-1. Mais uma vez demorei a entender (e até de acreditar: quem tomou Mate?!)... Felipe deu mate! (-MATE?! Como ouvi depois...). Uma ameaça na partida e... Mate! Já tínhamos ganhando o match (ufa!) e passo do lado da partida do Vivaldão, jogando a contra gosto aquele final infrutífero. Alerto a ele, em alto e bom som: “O Felipe deu Mate!” Estranho, Vivaldão sorriu... Tinha os caninos maiores que os outros dentes...
Foi então que os arcanjos ressoaram suas infinitas trombetas e repartiram o céu em incomensuráveis cacos sonoros por onde ecoou infinito: mil cânticos, duas mil preces e três mil hosanas! Onde transbordou nesta acuidade a quinta-essência celeste e cegou os arcanjos mais poderosos! Milhe demônios jorraram, e gritaram, em uníssono tumor peremptório, duas mil labaredas cobertas de sangue e fogo eternal! O oitavo círculo infernal escureceu em um turbilhão pasmado de tortura e dor! A terra tremeu e engoliu toda caterva e toda esquife! As feras mais bestiais curvaram se submissas e paralisadas! O vento, o sol, a chuva, e toda a natureza, compungiram em um brado de respeito e dor! E assim, toda a criação em seu bastião de rebeldia estendeu-se apenas em retidão e medo! (Ou isso foi antes? Na hora do mate?!).
Um pouco depois (de ir ao banheiro, claro) volto a partida do Vivaldão: ele está... Ganho!
Nada de ilusionismo: Vivaldão, rebatizado como Herr Doctor Vivaldus, o homem que fez um pacto com MBitófeles! Foi encontrado isso no bolso do Vivaldão:

“Filosofia, Leis, Medicina
Teologia´té, com pena o digo
Tudo, tudo estudei com vivo empenho!
E eis-me aqui agora, pobre tolo,
Tão sábio como dantes!...
....
Por isso me entreguei todo à Magia”.


E foi assim. Acredite se quiserem. Na volta ao alojamento, depois do jantar, uma rápida saída, para descansar. Faltava pouco, mas ainda iríamos precisar vencer a última. Filipe Guerra estava fazendo falta...

5° Capítulo (27/07)- "Hay que endurecer-se, pero sin perder la ternura jamás!" .

Música: We Are The Champions (Queen).
Frase: “Una Equipo con El Debs, Bibaldinho (uno capibara com uno C ‘deste tamanho’) e o tercero tablero zebra...? Como nosotros no ganamos?”



Última rodada. Último banho (Ainda bem!). Jogaríamos com Jayme no primeiro, Vivaldos e Felipe. MB deixou suas malas prontas. Felipe e Rafael resmungaram alguma coisa sobre “o tempo que a família ia demorar para arrumar as coisas!”, evidentemente esse comentário foi ignorado. Rumamos para a rodada final. Matão e Guaíra.
Nessas alturas Itápolis já tinha feito muita lambança (o Agnaldo só faltou matar o Vidotinho!): Itápolis perdeu para uma cidade que jogou com um tabuleiro a menos! Entretanto, ainda poderia ficar em terceiro, bastava ganhar de Franca, mas não aconteceu (não era fácil...).
Cabia a nós ganharmos o match contra Guaíra com uma vitória simples. Assim, mesmo que Ribeirão pontuasse 4 a 0, de nada adiantaria.
Para manter a tradição, empatei, rapidamente, com o GRANDE amigo Robert Cléber Fischer. Vivaldão jogou bem a abertura e acabou ganhando do amigo Grego. Felipe encontrou um Tekinho obstinado, e que jogou muito bem, e só conseguiu o empate (por baixo, é verdade...). Jayme, contra o amigão Rafael Pimentel, depois de uma abertura um pouco animadinha do rapaz de Guaíra, acabou empatando, lembrando que essa foi a última partida e nós estávamos do lado de fora quase chorando para que empatasse logo aquilo lá!
Lembro-me bem do Vivaldão, no meio do salão, levantar os braços para nós (ou teria sido para o Bezerro de Ouro? Zoroastro, talvez?!) que estávamos um pouco afastados neste instante, em sinal de GANHAMOS! Dizem que eu fiz o mesmo. E que me ajoelhei no chão e blasfemei. É provável que tenha sido verdade. Não adiantou o olho gordo do Neuris, nem a proposta dele para que empatássemos o match, pois eles não iriam ganhar de 4 a 0...
Ganhamos! E como diria o velhinho de Jaú (um dia colocarei aqui toda a mitologia do CXM para melhor compreensão): “Como é gostoso ganhar!”.
Eu, Felipe, e Vivaldão, desfilamos pelo salão. Peito cheio, nariz para cima! Nem as considerações do Neuris sobre a nossa equipe abalava nossa felicidade! Aliás, umas palavras sobre o Grande Mestre Cubano mais legal do Brasil: Se nossos GMs, MIs, entre outros, tivessem metade do bom humor e carisma deste homem...Grande Figura!
Aliás, paguei minha dívida com a Laís (a equipe feminina de Guaíra ficou em 3° no sub21, só para lembrar). Bebi cerveja com o Biro-Biro (olha, que honra!) e com os meninos que jogaram por Motuca, mas são de Matão. A equipe deles era:
-Bruninho: psicótico. Tenho medo dele.
-Vanderley: dispensa comentários;
-Ruy: consegue travar um monólogo entre duas pessoas (Ele e o Rafel Blanco, conversando sobre coUsas do mundo);
-Renan: é o mais normal. Sempre de olho...
-Rafael Alemão: meu aluno! Tem futuro!
-Biro-Biro: ...
No pódio, Vivaldão ficou com a responsabilidade de levantar o troféu (ele, claro, adorou o fato de ver um GM, e um MI, ali, do lado dele...). Faltou ainda o Nebe, o MB (já tinha ido embora com os Bárbaros Visigotos), o Jaiminho Tortorello (nosso presidente, e o homem que trouxe de volta o ânimo da equipe matonense) e Filipe Guerra (que ficou exilado em Curitiba).
Fotos com o pessoal da secretaria de esporte, cumprimentos, abraços, e despedidas...
E ainda encontramos o pessoal do Neuris no shopping! Ele deve ter adorado... Oferecemos até exílio para ele, mas o Aranha fez questão de dizer que esse cubano ele ia mandar de volta!
E foi isso, ou algo bem próximo disso...

Prólogo.

Pouco ainda deve ser dito. Final de Jogos, mesmo ganhando, é sempre um tanto melancólico. É como se estivéssemos saindo do Big Brother na primeira semana (!).
Mas não temos do que reclamar. Ganhamos! E já fazia dois que não ganhávamos! Para se ter uma idéia do xadrez Matonense, alguns dados:

Está foi a 33° medalha do xadrez Matonense em Jogos Regionais. A primeira, veio em 1961 (Sendo Ouro, na cidade de Catanduva). São 16 ouros, 13 pratas e 4 Bronzes. Desde de 1992 a equipe Matonense vem revezando entre a prata e o ouro (sendo 9 Ouros neste intervalo de tempo). No total, em se tratando de Jogos Regionais, a equipe conta com 475 jogos, sendo 285 vitórias, 80 empates e 110 derrotas."

E aí eu olho isso e penso: Eu faço parte dessa equipe! Isso é muito bom...

Poderia mandar um abraço para todos que revi (ou conheci) lá. Mas se por algum motivo bizarro, você esta lendo esse blog, então, se sinta abraçado (Isso parece auto-ajuda!). Antes que eu me esqueça, o Subtítulo “Momentos que não me lembro, de uma semana que não esqueço.” Evidentemente que é uma homenagem ao nosso ilustre desfalque Filipe Guerra.

Um esclarecimento importante: Vejam, ou leiam, uma peça de Tchekov chamada “A Gaivota”. Ela termina em um anticlímax inquietante, e acho que bem parecido com isso aqui. Então, acho que a frase dele no começo destas Memórias, veio bem ao encontro disto tudo...
Quantas coisas eu devo ter omitido. Quantas outras exagerado...

Mas é isso. Jogos Abertos, Praia Grande...

Até mais.
Forte Abraço!

É NÓIS!

5 comentários:

Anônimo disse...

Tekinho obstinado?
hehehhehehehhehehhe
Cara, a cada dia que treino eu fico mais forte! Não viu o meu tamanho? hehehehhehehehehe
VIVALDÃO - O MILAGREIRO!


RAFAEL "MALUCÃO" BLANCO!

VIDA LONGA A MATÃO!!!
Mas ano que vem é GUAÍRA!
FALOW!

Anônimo disse...

opaaaaaaaaaaaaa
que inveja de voces
pena que não pude ir e fiquei "retido" em Curitiba

ainda bem que fui lembrado né
hahahhahahahhaha
muito bom
pros abertos eu dou meus puloss... ahhhhhh se dou

abraço moço....muito bom

Anônimo disse...

não posso dizer que fiquei sem palavras, é quase um auto-insulto pra quem fará jornalismo.

é, acho que já me decidi!
ênfase ao 'acho', já que você melhor do que qualquer um, sabe que nós seres humanos temos dúvidas sobre qual carreira seguir :D

céus, como eu falo.
parece que o comentário vai ficar grande.
assim vc vai ter que ler as minhas esquisitices assim como eu leio suas belas linhas.

pois bem, regionais!
além de sentir as fortes emoções em frente ao tabuleiro, uma das coisas mais gratificantes dos torneios é conhecer e reencontar pessoas.Ah Vivaldo, como foi bom conhecer as outras partes do seu quebra-cabeça.Mas ainda faltam peças pra eu terminá-lo.Teremos mais oportunidades?Eu não dispenso nenhuma!

assim, você é alguém um tanto especial pra mim agora, até guardei a embalagem da trufa, lembra?
não é qualquer um que tem uma lembrança na minha caixinha de lembranças ok?
sinta-se honrado! :P

és um fofo, inteligentíssimo que sempre inclui uma frase irônica.E ah, como eu adoro ironia, das mais inocentes, às mais cruéis.

há.

enfim, foi uma bela semana.
exceto os banhos em manhãs geladas em que há estranhos no próprio banheiro.
deve ser por isso que eu nunca dispensei o biquini.

exceto tbm pelo nosso terceiro lugar.
tá, não foi ruim, mas eu sei que dava pra conseguirmos pelo menos prata, pra assim, nos vermos em Praia Grande *-*

espero pela desistência, o que tenho leve e triste impressão de que não vai ocorrer.

mas, tudo bem, eu ainda sou feliz.
o/

e chega de falar, já deve estar cheio!

gracias e um grande beijo, daqueles estalados na bocheca direita :)

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

ah, e como haveria de esquecer,
meus sinceros parabéns pelo título :)