quinta-feira, 31 de maio de 2007

IRT Santos 2007 - Aberto do Brasil


‘“Horas Mortas. Inverno. Em plena mata. Em plena
Serra do mar.”

(Vicente de Carvalho)

Este texto aqui será escrito em um “fôlego só”. Em um “único suspiro”. Pois, devido uma forte gripe contraída em Santos, faz pelo menos uns três dias que não respiro pelo nariz. Não obstante, vamos lá.

Sobre o torneio de Santos (ah! O torneio!) poderíamos defini-lo da seguinte maneira:

“IRT de Santos. Fez frio. Muito frio. Atuações matonenses desprezíveis.
Até mais.
Forte abraço.”


Entretanto, seria um desperdício muito grande não rirmos de nossas mazelas. Das nossas mais miseráveis mazelas. De nossas vergonhas, de nossos vexames. De nossas fragilidades (mentais e físicas). Exagero? Talvez, mas os fatos falarão por si só...

Na sexta-feira, 25 de Maio (Não façam igual a mim que confunde com a Rua 25 de MARÇO), meu nobre irmão Fernando Vivaldo e eu, partimos para a disputa da contenta litorânea. A tira colo tínhamos no volante nosso querido MF (futuro MI) Felipe “Tony” El Debs que nos acompanharia durante todo o final de semana. E devido alguns problemas com a lista de ranting FIDE, acabou não jogando.

Eu e Vivaldão estávamos nos sentindo na própria Mãe Rússia: “Está muito frio e nosso motorista tem mais de 2400 FIDE”! Depois de alguns contratempos em São Paulo, como pegar o SENTIDO errado para o litoral (Vivaldão incrivelmente não se assustava com as placas CENTRO, passando por nós, de onde tinhamos saído), conseguimos chegar “nas curvas da estrada de Santos” como imortalizou o Rei (Não o Rei do Santos, muito menos algum rei de madeira em que estamos mais acostumados. Aquele da ”Brasa” mora?).

Tudo começou aí, nestas famosas curvas. Coincidências... Será que elas existem? Sinais? E a Sincronicidade de Jung? O que dizer de estar ouvindo “March Funebre” de Chopin, quando se avista, concomitantemente, vários urubus (que mais pareciam uns avestruzes de tão grandes!) no mesmo instante de um carro com a placa CEU? Profecias, profecias... Será que os deuses estavam nos dando algum sinal? “Nossa. Será que alguém vai morrer?” Interrogou um dos passageiros de nosso carro. Apesar de tudo, conseguimos chegar vivos em Santos (Mas sairíamos?).

Depois de alguns problemas técnicos com as inscrições, fomos para as partidas (será que fomos mesmos?!). E logo após um começo bem mediano nos encontramos com alguns amigos que estavam jogando os Fechados (Regina Helena e Mário Covas) onde as partidas estavam sendo disputadas no Hotel Atlântico, onde nós também estávamos.

Passada toda a confraternização enxadrística, a tríade matonense partiu desesperadamente (depois de um dia todo sem almoço!) para o tão merecido jantar. Junto de nós o divertido amigo Eduardo Marra, que nos apresentou um fantástico “bufê” de sopas pela bagatela de R$8,99 “a la vonté”! E isso me lembra duas coisas importantes para relatar.

Primeiramente, um dos fatos mais marcantes neste final de semana foram nossas refeições. Na verdade, a falta delas. Não só pelas rodadas excessivamente próximas, como também pelo pouco dinheiro que tínhamos. Somente 300 reais a menos do que achavamos que iríamos gastar. Nunca pensei que poderia experimentar tantos tipos de sopas! Confesso que nos primeiros dias a falta de comida até inspirou certa purificação bem ao estilo “jejum saudável”, “espiritual”, “dieta da(s) sopa(s)”, e coisas do tipo. Mas logo tudo isso se tornou fome mesmo. Aliás, muita fome. Aliás de novo, esse torneio foi o “torneio dos excessos”: excesso de fome, de erros, de frio, de vídeos e fotos (Deus salve o celular "hi-tech"! Apesar de não conseguir passar as fotos e os vídeos para o computador...), de reclamações (a internet sem fio do hotel era até rápida, mas só funcionava 3 minutos e demorava 10 para reconectar. Vivaldão que o diga: ele tentava entrar na internet o tempo todo quando estava no quarto. Ele passou mais tempo com o laptop do que comigo, com o Felipe, ou com os tabuleiros...) e de prejuízos. E nesta última categoria, vai uma ressalva deverás importante: Vivaldão conseguiu uma proeza que dificilmente será batida. Tomou um prejuízo maior de Ranting do que de dinheiro! Mais o menos uns 60 e poucos pontos! Alguém aí da mais?! (ou melhor, dá menos? Menos FIDE pro Vivaldão! Calma... ele vai recuperar).

A segunda coisa importante foi que queimei a língua com a sopa. Pode não parecer importante para o andamento da história (e não é mesmo), mas vou me dar ao luxo de reclamar até disso. E já que é para reclamar, a sopa de ervilhas era muito ruim! E que palhaçada aquela de não poder subir com água onde estávamos jogando? E esse negócio de greve nas faculdades públicas? Lá se vão minhas férias e quem sabe até os Jogos Regionais...

Retomando o torneio, vale lembrar o avassalador início do Ítalo-Brasileiro Giuseppe Caporale. Esse jovem talento arrebatou Vivaldão e logo depois empatou com o também forte jogador Leonardo Bispo. Mas acabou caindo de produção no final do campeonato. Entretanto, ficará na memória de muitos a exclamação de Giuseppe depois da vitória contra Vivaldão: “Obrigado Senhore! Fazía molto tempo que io no ganava de um jogador com FIDE!”. Ah! Se aqueles urubus da estrada de Santos falassem, com certeza estariam cantando a Tarantela...

Apesar de ser um torneio com uma boa premiação, tivemos (Eu e o Vivaldão) o capricho de não "pegarmos" nada (ou “niente”, como diria o Caporale). Mas eu não saí de mãos abanando: ganhei uma camiseta do torneio, queimei a língua, e por final, uma bela gripe. E ao que parece, eu não fui o único premiado nesta categoria. Realmente, o frio e a praia têm lá seus encantos como no filme “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças” (esse filme ainda vai merecer um comentário a parte!), mas tem lá seus perigos também. Deixo registrado aqui que o meu ponto alto neste torneio foi a gripe que ganhei. Desde sábado (dia 25) senti que não estava bem. E no domingo venho a confirmação. Estou procurando a refutação para essa gripe, mas por enquanto o máximo que consegui foi sacrificar a garganta, que também está infeccionada. E o ouvido também está! Estou praticamente uma infecção humana...

Apesar de tudo, vendo a praia, é impossível não se emocionar com os versos do poeta santista Vicente de Carvalho, “O poeta do Mar”:

“Mar, belo mar selvagem/ Ah! vem daí por certo a voz que escuto em mim.”.

O mar me passa uma sensação indescritível. Um dia eu ainda vou morar no litoral. Olhar para aquele horizonte é muito bom. Tranqüilidade, comunhão, e o mais curioso: quase não consigo pensar muita coisa. Só olhar. E isto é até irônico, por que foi mais ou menos assim nas partidas também. O meu “Fratello” Vivaldão que o diga...

No Domingo tivemos o dia mais feliz: dia de ir embora. A mente despedaçada e o corpo moribundo (até o Vivaldão, que não pegou gripe, sofreu: confirmando seu retorno para a adolescência, seu dente do siso começou a nascer! Só agora, com 30 anos! Realmente, faltou juízo e bom senso neste torneio para gente). Pelo menos na volta para casa deu para ouvir o finalzinho do jogo do Santos contra o Atlético Paranaense. Não tem preço ouvir o locutor torcendo descaradamente para o Santos. Claro, que o melhor de tudo foi ir embora praguejando. E no final das contas, ninguém morreu. Só os meus anticorpos e o ranting do Vivaldão, evidentemente. Querendo ou não, acho que até demos algumas risadas...

“Ridento castigat mores” (Rindo se castiga os costumes).

É isso. Vou voltar para meu estado de “molho”. Como minha faculdade está em greve e meu corpo também (ou pelo menos os anticorpos) só me resta descansar. O pior é acordar por um telefonema de um amigo com a seguinte piada: “Poxa, é só uma gripe. Bem que poderia ser uma tuberculose, é mais literária.”

Até mais.
Forte Abraço.

(Sem classificação do Torneio desta vez. Não consegui mais achá-la. Acredito que isso não fará muita falta para nossos egos...)

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Felipe El Debs vence VI Torneio Internacional de São José do Rio Preto e faz sua terceira norma de MI!



"Não se conquista a fama deitado sobre leves plumas." (Dante Alighieri).

Levando em conta à máxima "biquínicavaniana" “ Leio o Jornal que é de ontem, pois pra mim tanto faz” venho com uma notícia de última hora: Terminou, na quinta-feira do dia 27 de abril, e pasmem me refiro ainda há este ano, 2007, O VI Torneio Internacional de São José do Rio Preto que teve como vencedor (no desempate, em emocionante partida relâmpago com o MI Argentino Leandro Perdomo - Assistam ao vídeo no YotTube) ninguém mais, ninguém menos, que nosso Felipe “Tony” El Debs! O mais importante é que nosso menino fez sua última, e definitiva, norma de MI! Pois é... Mais uma vez estamos saindo na frente com as notícias! Bem, brincadeiras a parte, vamos para algumas ressalvas:

- Antes de qualquer coisa, desculpem pela demora neste post. Nosso nobre amigo Alexandre Sigrist (Grande abraço! Destaque para o humor refinado, e sarcástico, do colega. Além, das exemplares pronuncias dos nomes mais “impronunciáveis” tanto de lugares, quanto de mestres!) chegou até a anunciar em seu fantástico PodCastle sobre esse blog e sobre uma entrevista com o mestre El Debs. E realmente a entrevista não foi feita logo depois do torneio por que nosso amigo Felipeludo ficou bem mal de uma dor de garganta. Pedindo-me, assim, que adiasse a entrevista. Mas ela será feita. Já foi sacramentada em cartório! Na verdade, a menos de uma semana, até parti rumo a amigável São Carlos para realizar a tal entrevista (mais uma exclusiva do blog! Diga-se de passagem...) com nosso amigo El Debs. Tudo corria bem, se não fosse o caso de no bar onde estávamos venderem cerveja SOL pela bagatela de R$ 1, 50 para estudantes. Bem, “acabou que ficamos bebendo”... Felipe e sua namorada podem confirmar o fato: a entrevista não saiu por questões de pudor. Não ficariam bem perguntas de bêbados (ou melhor, de bêbado) para uma entrevista tão importante... E, aliás, respostas de bêbado também não. Mas ela ainda será feita. É só encontrarmos o momento oportuno. “Construa que eles virão!” como diria o filme...

-E se falando em bebida, fica também um voto de solidariedade e apoio ao GM Holandês Timmam, pois como bem ressaltou Sigrist: “A nossa torcida por Jan Timman, da Holanda, continua. Já que ele costuma ‘tomar umas’. E nem sempre depois das partidas.” Mestre Timman, estamos com você! Continue assim!

- Não sei quanto tempo fazia que eu não postava aqui. Mas a desculpa é muito boa: A entrevista com nossa amigona Taís Julião alcançou uma exposição maior do que a imaginada! (ainda bem!). Até chamada no blog Xadrez Feminino Brasil e no site Clube de Xadrez (Abraço Gersinho!) a entrevista ganhou (E com direito a foto minha! E embaixo dela... uma foto do Spasski!). O ranting médio dos comentários também aumentou! Tanto em se tratando de termos enxadrísticos - de ranting mesmo!- como se tratando de termos pessoais! De amigos! O caso é que as visitas ao blog subiram mesmo! E claro, que qualquer um que estivesse em meu lugar teria ficado receoso em postar alguma outra coisa... E foi exatamente assim que fiquei. Mas, é importante ressaltar "Nunca tenha medo de tentar algo novo. Lembrem-se, os amadores construíram a arca. Profissionais construíram o Titanic.". Então, nada melhor do que dar “a cara a tapa” e descer da montanha com o nosso “Zaratrusta” embaixo do braço gritando que “Deus está Morto” e “eu sou Dionísio!” (Niezstche, no final de sua vida, assinou algumas cartas como Dionísio...!?) e ver o que vai dar. Além disso, das mil e poucas visitas que este blog teve, metade foi o Vivaldão olhando de meia em meia hora que eu sei...

- E falando em Vivaldão, esse menino voltou à adolescência: Está contando piadas e até... Ouvindo Iron Maiden! (Pois é, mais um que abandona a fase Chico... Mas como disse o Felipe: “Chico não é fase. É algo que vai se ouvindo... é permanente.”). Descobri este exótico retorno às raízes musicais do Vivaldão quando depois de mostrá-lo uma foto minha jogando com o Name, Vivaldão exclamou: “Can I Play With Madness!” (Vide foto. Tudo bem que a matéria é do Felipe, mas eu coloco a foto que eu quiser! Brincadeira, você entende não é Felipão?). Apesar de certa defasagem minha sobre rock, percebi no ato do que se tratava. Bem, eu não sei se posso jogar com a loucura, mas com certeza o Name pode. Aliás, (como um assunto leva a outro, não?) o caso Name deve um tratamento a parte. A questão suscitada sobre o limbo, e principalmente, sobre a figura (já não sei mais se real, ou não) do “Seu Gabriel” é deverás polêmica. Estou aceitando qualquer coisa sobre o assunto: de fofocas a tratados metafísicos, biológicos, e até ontológicos. Na verdade o que sabemos do Name? Infância, adolescência? Nada. E uma questão que muito me perturba: Se o Gabriel é professor universitário, qual foi à defesa de tese que ele fez? E mais: quem foi o professor (esse o verdadeiro "Professor Aloprado") que orientou o Gabriel na pós-graduação? Mas voltando ao “postar ou não postar” quero agradecer a todos aqueles que acessaram este humilde blog. E obrigado pelos comentários! É a melhor parte! E falando em comentários (não tem jeito, um assunto leva mesmo a outro...) um abraço para o conterrâneo do MF Molina: Rubão! Essa singular figura do xadrez mineiro é praticamente o Carl Sagan brasileiro. Explico: morador da intergaláctica Varginha, ele “jura de pé junto” que tem provas da vinda do ET para cá (ou melhor, para lá, Varginha). E até tem o motivo. O ET teria vindo demonstrar (ou melhor, provar) a nocividade do Gambito do Rei... Para as Brancas! O porquê do Clube de Xadrez de Varginha ser do lado da “Nave da cidade” seria exatamente para facilitar a pesquisa de nosso visitante espacial. E mais: Nosso nobre cavaleiro sustenta um incrível Recorde: Nunca ganhou um Gambito DOR EI em uma partida oficial. Recentemente, Rubão, adotou a filosofia “O amor mata mais que o gambito do rei” o que não deixa de ser interessante, pois esta frase já entra em outras importantes questões teóricas sobre o gambito. Mais uma vez, é um assunto que merece tratados e mais tratados... Fica aberta a discussão.

Voltando ao que nos interessa hoje, aqui, “sujeitinho sem tipo, em estado pecaminoso” (By Frare) o jovem El Debs vem se destacando cada vez mais no xadrez brasileiro. Já foi várias vezes campeão dos jogos regionais e abertos pela equipe de Matão. E não só campeão, como agüentou ano passado a “bucha” de jogar na série A. Eu joguei no 1° Tabuleiro (sim, elevando meu “corpo em total sacrifício”) e Felipe no 2°. Foi uma experiência inesquecível. Principalmente quando ficamos simultaneamente perdidos com os grandes mestres Vescovi e Milos. (Um fato curioso, que não consegui deixar passar: Será que o Giovanni - que contribuiu consideravelmente com o aumento do ranting médio do blog. Abraço! - lembrou que foi em mim que ele bateu nos Jogos Abertos, ano passado, em mais ou menos 20 lances? Lembro-me que eu estava até feliz, tinha empatado com o Neuris na rodada anterior. Foi uma boa dose de realidade o resto daqueles jogos...). Tivemos que sair da mesa para contermos os risos, pois o olhar de súplica que fizemos um para outro, eu e Felipe, só poderia ser comparável a alguma cena do quilate de Gérard Depardieli com Roman Polanski (A Simple Formality, de Giussepe Tornatore)...

É também do nosso Chewbacca Brasileiro o Record mundial (!!!) de ranting performance em um torneio (foi no Campeonato Brasileiro sub-20 em 2005. 100% de aproveitamento! 3000 e poucos pontos de performance!). Ano passado conseguiu a 5° colocação na final do Campeonato Brasileiro Absoluto, mostrando um xadrez para lá de sólido (conheçam a comunidade do orkut: “O Felipe é muito Bundão”).

Ex-estudante de engenharia decidiu trancar o curso para poder se dedicar com mais afinco ao xadrez. Promete que um dia irá voltar, nem que seja para jogar na cara do professor de Cálculo II que ele colou a prova final inteira... Amante do bom cinema, fisiculturista amador, entusiasta de raves, e festas em geral, esse “bedidão” segue marotamente pelas ruas São-carlenses e do mundo (Já jogou várias vezes lá com nossos “hermanos”. Morou um tempo nos EUA, fala fluentemente inglês, fez algumas viagens ao velho continente e até pelo Oriente Médio...!). Fica aqui uma calorosa saudação ao nosso querido mestre! É “nóis” meu querido!

É isso. A vida continua: “A vida apenas, sem mistificação” (C.D.A.). Lembrando de mais um Mineiro. Ficamos na espera do próximo IRT, que será na cidade de meu querido Time: o Santos Futebol Clube. Bi-Campeão Paulista! Sendo assim, não poderia deixar de ir. E nada contra o Frei Galvão, mas bem que o Zé Roberto merecia uma auréola também...

Até a próxima.
Forte abraço.

(postado com mais vinho do que sangue no corpo)

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Campeonato Paulista Feminino 2006 - Entrevista com Taís Julião



Podem trazer os chicotes, os acoites, e a cruz! Sim... Renderei meu corpo em holocausto e caminharei resignado pela via cruxis para redimir-me de meus pecados...
Como posso ter falando do Internacional de Rio Preto, e não ter se quer citado o Campeonato Paulista Feminino 2006 (Isso mesmo, 2006! Pois é...), que aconteceu no mesmo final de semana e na mesma Rio Preto?
“Perdoai-me Pai, pois eu pequei!”.

Mas calma... Existem duas boas justificativas para isso. A primeira é que a notícia sobre o Internacional se deu sobre certo coeficiente alcoólico significativo que ainda percorria miraculosamente o corpo deste pobre rapaz aqui. Em suma: eu estava curtindo uma bela ressaca. Portanto, boa coisa não dava para se esperar... E acreditem, ou não (mas podem acreditar, pois este Vivaldo aqui não mente), mas logo depois de ter “postado” (isso foi na sexta-feira) lembrei que o feminino também iria começar naquele mesmo dia...

Surgiu a dúvida: “Mudar o post, ou não mudar, eis a questão?” No melhor estilo Paul Rabbit, valer-me-ei (Essa foi para o professor de Italiano Sérgio!) da máxima: “Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida!”. Então, preferi não mudar nada e esperar para comentar sobre o feminino no próximo post. Seria até melhor, pois assim já teria os resultados e poderia fazer um comentário mais completo. Mesmo assim, ainda estava meio em dúvida sobre o que fazer. Foi então que vi a luz!

Por que limitar-me em entrevistar somente nosso amigo Felipe, se poderia entrevistar alguém do feminino? Assim, corrigiria a gafe e de quebra abrilhantaria um pouco mais este descolorido blog. Pois bem, essa idéia me tranqüilizou. “Mas quem entrevistar?” Rapidamente, tive esse pergunta respondida por mim mesmo. Só faltava a pessoa aceitar. Então, por uma comunhão celestial dentre as forças inefáveis que regem o universo, foi exatamente a pessoa que eu tinha pensado a primeira a me “puxar as orelhas”! Pois bem, chega de mais delongas. Eis que vos apresento nossa grandíssima amiga e entrevistada de hoje (Isso está parecendo programa do Jô!): Taís Julião, vice-campeão Paulista de 2006!

Essa nobre figura do xadrez interiorano descobriu o “jogo dos reis” (e por que não dizer, “das rainhas” também!) ainda no ensino ginasial. De lá para cá, não parou mais. Sempre sendo figurinha carimbada (e estimada!) em torneios, e principalmente, Jogos Regionais e Abertos. Hoje em dia, mora na animada Marília onde está terminando o curso de Relações Internacionais na Unesp. Fala francês, inglês, espanhol, e sabe lá mais o quê! Colabora com o do site Clube de Xadrez, e ainda escreve em dois blogs: Xadrez de Quinta e Xadrez Feminino Brasil, junto com Ellen Giese, sempre de maneira inteligente, agradável, e bem ponderada (Vocês não têm noção da psicóloga que essa menina também é!).
Só para fazer jus a música “Saudades de Matão” é importante lembrar que representou a equipe de Matão sagrando-se campeã dos Jogos Regionais Barretos 2002, Sertãozinho 2003 e Matão 2004. Foi 4° lugar nos Jogos Abertos do Interior de 2002, em Franca, também por Matão. No total (somando Matão e outras equipes) já foram sete vitórias nos jogos regionais, e dois 3° lugares nos abertos. Atualmente defende a mitológica equipe Riberãopretana, nossos rivais, e eternos, amigos! Haja fôlego!

Sobre a classificação final do feminino, temos:
1 Tatiane Cristina Coelho
2 Taís Sandrim Julião
3 Ellen Cristine Giese
4 Amanda Marques Pereira
5 Gabriela Luiza Hruschka
6 Samantha Celeste Real de Aquino
7 Daphne Tofano Jardim
8 Diana Sanroman Baeta Medina
9 Danielle Ferreira Auriemo
10 Fernanda Máximo
11 Cristiana Talita Silva

Bem, agora vamos à entrevista! (E aqui vai uma ressalva importante: Meu nobre irmão, o famoso Roy -ainda popularmente conhecido como Vivaldão- ficou encarregado de ajudar-me nas perguntas. A culpa é minha, mas dele também! Quaisquer processos lembrem-se que foram os dois!).

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Vivaldo²: Jogar pela “faunística” equipe de Ribeirão Preto deve ser uma viagem psicodélica muito grande. Algum comentário, ou história, sobre essa aventura na “Terra do Nunca”?
Taís: Eu me considero uma pessoa de muita sorte, essa é a verdade. Desde que comecei a jogar por equipe estive próxima de loucos, já que representava a equipe de Batatais que também é da região das homéricas Matão e Ribeirão Preto. Quando recebi o convite para defender Ribeirão pensei imediatamente na oportunidade única de dividir uma Kombi com figuras como seu Gabriel, Canarinho (que, diga-se de passagem, é meu passarinho favorito!), o cavalheiríssimo Capellari e Nilton, que me parece o mais normal deles. Além de Álvaro Aranha, que compõe a equipe e realmente é o eixo de equilíbrio de todos. Histórias são muitas, incontáveis, mas de forma geral nada substitui seu Gabriel todos os dias analisando as partidas, que impressionantemente sempre o favorecem. É incrível, é surpreendente, mas ele acredita de verdade que está melhor em todas as partidas. Todas! Isso só não acontece quando ele dá uma peça... rs

Vivaldo²: E sobre a equipe de Matão? Boas recordações?
Taís: Afirmo tranquilamente que aprendi a jogar xadrez jogando por Matão. Antes eu jogava algo parecido, uma espécie de lego com estratégia de montagem. Foi lá que comecei a entender melhor esse jogo, que defini meu estilo, que dei o salto qualitativo no meu xadrezinho meia boca. Todos lá são pessoas especiais, amigos independentemente do xadrez. E mesmo trabalhando para o inimigo hoje, meus melhores amigos estão todos lá.

Vivaldo²: Sobre o Campeonato Feminino: qual foi sua melhor partida?
Taís: Depende em qual sentido. Se você estiver perguntando de xadrez de verdade, foi com a Danielle Auriemo, minha querida amiga. Uma partida suada, jogada ali nos detalhes da posição. Agora as melhores vitórias foram contra a Daphne Jardim e a Amanda Marques, pois estava perdida nas duas! A experiência acabou me ajudando.

Vivaldo²: E a pior?
Taís: Com minha amiga e agora campeã paulista Tatiane Coelho. Peça por dois peões e acabar dando perpétuo já te diz alguma coisa? Rs

Vivaldo²: Aconteceu algum fato interessante que merece nota? (sinceramente, sempre acontece...).
Taís: Sim, sempre acontece. Mas não sei apontar algum muito emblemático. Bem, talvez as caras de Martin Crosa e Daniel Navarrete, que estavam jogando o torneio fechado concomitantemente ao Feminino, nas partidas da manhã.

Vivaldo²: Quando percebeu que estava lutando “pelas cabeças”?
Taís: Pelas cabeças de quem? Rs Que fique bem claro que não desejo decapitar nenhuma de minhas colegas de xadrez! Meu pacifismo kantiano não me permite tamanha competitividade. Mas percebi quando venci a terceira partida, estava com 3 em 3 e sabia que isso já me colocava entre as quatro primeiras colocadas. O difícil mesmo foi administrar a possibilidade de ser campeã. É uma ansiedade e tanto!

Vivaldo²: Uma questão lingüística: Qual o dialeto que “habla” o MI Martin Crosa? (questão levantada certa vez por Fernando Frare).
Taís: Atualmente um misto de espanhol, inglês, português e sérvio, graças ao nosso amigo Dragan Stamenkovic. Conceitualmente acredito que isso possa ser chamado de dialeto da circunstância, ou seja, ele sempre vai se comunicar, não interessa de onde seja o sujeito.

Vivaldo²: Deixando um pouco, só um pouco, o xadrez de lado, vamos falar sobre alguns aspectos da conjuntura mundial de ontem e de hoje. No período da Guerra Fria vivíamos em meio à “bipolaridade” que regia o mundo. O mais importante é que não era só o mundo, mas o xadrez também. Os tabuleiros foram vestidos sobre a faceta: “URSS versus resto do mundo”. Entretanto, a URSS acabou. O Socialismo praticamente ruiu. E então, depois de uma supremacia Americana, acordamos em mundo multipolar. Por tanto, não seria o caso (já que não vivemos mais em um mundo bipolar) abandonar essa idéia de “eu x você”, que ainda existe nos tabuleiros, e adotar essa multipolaridade começando por difundir a “australiana” como verdadeira modalidade principal do xadrez? Ou pelo menos, um retorno ao Chaturanga?
Taís: Não acredito que a Austrália represente um pólo de poder significativo no sistema internacional. Sua economia gira em torno de uma ilha, literalmente. A época de seca sempre causa transtornos, e a economia cresce porque retorna a zero. Bem, eles já realizaram uma Olimpíada, tem a melhor natação do mundo, tem cangurus, tem colonização inglesa, mas não acredito, como analista de relações internacionais, na projeção da Austrália nos próximos cinco milênios. Bem, mas se até a Mongólia já foi Império, quem sabe ainda há esperanças?Aliás, você conhece algum enxadrista australiano? Surfista eu conheço aos montes...

Vivaldo²: Ainda sobre a supremacia Americana, há quem defende também que essa multipolaridade é apenas uma questão secundária no teatro global, pois a verdadeira preocupação é a hegemonia dos EUA que ainda durará séculos e séculos. Seria isso mais um sinal? Vamos jogar paciência em vez de xadrez?
Taís: Xadrez e paciência são igualmente passatempos em tempos difíceis. Paciência pelo menos dá para jogar sozinho, coerente com o individualismo crescente desde o advento da Modernidade. Até a Microsoft incorporou em seu sistema o jogo de paciência, inclusive em versão spider. Quer prova maior que essa de que o mundo tende ao caos?

Vivaldo²: Em 1795, o filósofo Kant lançou um opúsculo que provocou um enorme sucesso junto ao público culto da sua época. Era um projeto que visava estabelecer uma “Paz Perpétua” entre os povos europeus, e depois espalhá-la pelo mundo inteiro. Tratou-se de um manifesto a favor do entendimento permanente entre os homens: “A minha filosofia pode ajudar os homens a estabelecer os seus direitos.”. Sabendo de sua preferência por Kant, e jogando tudo isso para o contexto enxadrístico atual, essa luta existente hoje em dia contra os empates-rápidos, ou mesmo os vários empates, dentre os Grandes Mestres, poderia ser colocada como um entrave para a busca da “Paz Perpétua”? Já não seria um sinal disso, a frase do célebre filósofo russo Karpov, que disse certa vez: “Para que lutar se, no fundo de nossas almas, nossos corações almejam simplesmente o empate?”.
Taís: O xadrez não é um jogo kantiano a priori. É um jogo onde o rim do seu adversário deve ser o objetivo, ou no mínimo sua cabeça, entendida aqui num sentido metafórico, ou seja, mente e consciência. É difícil buscar a paz pela guerra, mas os empates surgem como uma alternativa inovadora nesse processo, como uma possibilidade de cessar conflitos num plano simbólico. Acho eficiente na busca pela paz empatar rápido, mas a questão é, quem empatará rápido comigo? Karpov? Duvido... O sabor da paz não atende o paladar dos egoístas.

Vivaldo²: Como explicar o aparente paradoxo entre as altas taxas de crescimento do PIB chinês e a queda de popularidade da variante dragão chinês na defesa siciliana?
Taís: Já diria Marx que o mundo se movimenta pela contradição. Pois bem, essa é mais uma delas. O problema é que ninguém percebe, já que “uma coisa é uma coisa, outra coisa e outra coisa.” Mas na representação todos sabemos que a Siciliana Dragão, variante da qual me dedico a entender, não tem sua força no ponto ou no mate, mas sim na estética. As peças se movimentam de forma incrivelmente dinâmica, e exige do adversário muita agilidade de pensamento. É como negociar com um chinês, se você não estiver atento a todos os detalhes você perde dinheiro, tenha certeza disso. Se tiver dúvidas disso, compre uma pilha na 25 de março por um real e veja quanto tempo ela dura...

Vivaldo²: Qual campeão mundial você levaria para uma ilha deserta? E por quê?
Taís: Capablanca, já que ele me parecia o menos feio de todos e o mais interessante deles. Sua origem me fascina, Cuba. Quem sabe ele tivesse uns charutos e um rum no bolso do paletó sempre alinhado?

Vivaldo²: "Os computadores tem uma vantagem sobre os humanos: não perdem a concentração ao ir ao banheiro” disse Garry Kasparov. Levando em conta o silogismo aristotélico, teríamos:
-Os computadores não perdem a Concentração quando vão ao banheiro;
-Kramnik Também não;
-Logo, Kramnik é um computador (?)
Táís: Aristóteles se revira na tumba e no Olímpo cada vez que aplicamos um silogismo desses. E sabe por quê? Porque dentro da lógica aristotélica essas coisas são permitidas, o absurdo. Na Grécia Antiga com certeza Kramnik seria um computador.

Vivaldo²: Ainda sobre Kasparov, O que acha da “volta” (Ele já tinha sido “fichado” anteriormente! Ou não?) de Kasparov ao xadrez (xadrez = cadeia)?
Taís: Quem teve fama um dia não consegue perde-la, ainda mais num contexto socialista como o russo. Ele é a materialização da máxima “em terra de cego quem tem um olho é rei.” Pois bem, se ele não ficar esperto vai acordar ao lado de São Pedro, ou de Lúcifer... Nunca se sabe.

Vivaldo²: O vaticano lançou uma nota recentemente abolindo o Limbo e agraciando, assim, as crianças que morrem sem serem batizadas com o reino do céu. Não questionando a logística de almas do Vaticano, ainda sim surgiu uma grande questão que perturba todo enxadrista Brasileiro: “Se não existe o Limbo, para onde vai o Name?!”.
Taís: O Name na verdade é um enviado da Matrix. Ele não existe, é uma ilusão coletiva. Ou seja, ele jamais morrerá.

Vivaldo²: Ah! O amor! Não poderíamos esquecer disso. Você concorda com a máxima do enxadrista Marlon, de Guairá, que disse: “O amor mata mais do que o gambito do rei!”?
Taís: O amor é a única oportunidade que o homem tem de ser feliz. Quem não pensa assim não entendeu seu propósito. Ou ouve muito Chico Buarque. rs

Vivaldo²: Música: qual a mais “the best” do Falcão?
Taís: O Bolo, disparado.

Vivaldo²: A melhor frase de banheiro da Unesp-Marília.
Taís: No banheiro feminino não temos muita tradição, mas talvez a máxima “Morte aos comunistas” tenha causado polêmica considerável em uma faculdade claramente de esquerda.

Vivaldo²: Qual a melhor piada machista que você já ouviu?
Taís: São tantas! Só no Interclubes desse ano... Mas mencionarei uma, que muitos dizem que não é machista, mas como mulher só eu sei o quanto machista ela é. Disse um garoto: “Um dia meu pai me disse que mulher bonita não sabe jogar xadrez. Pois é... (abandonando a partida), vou mostrar isso a ele!”.

Vivaldos²: Suas considerações finais.
Taís: Vivaldinho, meu caro, seu talento e criatividade me impressionam. Essas foram às perguntas mais bizarras que já respondi por escrito. Vivaldão tem participação nisso que eu sei. Espero que não seja considerada maluca pelas respostas. Mas afirmo: eu só digo a verdade! Coitados daqueles que não acreditam.
Parabéns pelo blog!


(Só algumas explicações:
-Eu, Leonardo, por questões de sanidade emocional estou saindo da fase Chico Buarque;
-O caso Name será estudando novamente;
-Enxadrista australiano: Ian Roger (e ele passa bem longe de surfista...);
-Sim, a culpa é do Vivaldão também, por isso o quadrado: “²”;
-A foto do início, não é do Paulista Feminino! Até por que o Campelo não pode jogar... brincadeira Campelo! Abração!;
-Obrigado Taís, sucesso! Dentro e fora das 64 casas!.
Até mais.
Forte abraço.)

3° IRT São José do Rio Preto 2007 - Aberto do Brasil



Mais uma vez voltamos a São José do Rio Preto (e ainda postaremos mais duas matérias tendo Rio Preto como pano de fundo. Entrevistas com Taís Julião e com Felipe El Debs!).

As coisas começaram bem. Eu e Reginaldo “Jones” partimos de Matão às 7 da manhã do sábado (dia 28) sendo que o torneio iria começar somente às 2 horas da tarde. Não seria problema nenhum se eu não tivesse ido dormir às quatro horas da madrugada. Enquanto isso Vivaldão pernoitava, em um ônibus qualquer, vindo de São Paulo. E Jaiminho Gimenes, nosso “Monk”, chegaria somente para a segunda rodada.

Mas, tudo bem. A viagem foi tranqüila. Logo na chegada, boas lembranças sufixaram se em minha consciência deverás sonolenta. Lembrei-me que a última vez que tinha jogado em Rio Preto acabei por abandonar o torneio: “Problemas de suma importante pessoal” (praticamente no valor de um cavalo e duas torres!). Muito importante também, foi avistar um pouco depois da entrada da cidade a eterna floricultura “Fernanda Flores” que me faz lembrar o quanto uma pessoa (no caso eu) pode ser idiota e deixar escapar boas oportunidades. Mas uma das desilusões do Vivaldinho? Claro... Seria muita maldade torcer pelo fechamento da loja? Quem sabe...

Voltando ao torneio, confesso que nada muito inusitado aconteceu. O Gabriel não cometeu nenhuma gafe (talvez, isso tenha sido o mais inusitado...). Até consegui tirar umas fotos com ele (estou esperando o GRANDE Chris mandá-las). E falando em fotos e no Christian, rolou uma chantagem sobre certas fotos tiradas no casamento deste. Confesso que ficarei extremamente chateado se essas fotos vazarem. Prefiro guardar como recordação daquela festa apenas à expulsão que sofremos pelos garçons. Ou à volta para Matão em baixo de chuva, na qual eu, El Debs, e Filipe Guerra, retornamos completamente bêbados de Bauru. Mas, um acidente na pista com dois carros, bem na nossa frente, deixou a gente bem esperto... Ninguém nem mais piscou aquela noite...

Voltando novamente ao torneio, não posso deixar de lembrar da frase que repeti até a exaustão com o Jaiminho: “-Eu te conheço! Você não é padre coisa nenhuma...”. Devo agradecer ao Jaime por suscitar minha curiosidade em assistir novamente o Poderoso Chefão, aliás, os três filmes, e, também, pelos conselhos! E claro, não esqueceremos de sua rapidez e reflexo frente ao seu tombo “a la Name” no meio do salão. Com certeza uma homenagem ao mestre de Ribeirão!

A música "Losing My Religion", do grupo "REM", será lembrada como tema do torneio. Nosso amigo Jones, antes de uma das rodadas, caiu na besteira de mostrar-me que esse era o toque de seu celular. Resultado: fiquei ouvindo a canção várias vezes, sem parar, toda hora. Foi então que algo curioso aconteceu. Em uma das últimas rodadas do torneio, diante daquele silêncio sepulcral, ouço: “Ohhhh Live... Life is bigger...”. Ao olhar para trás, vejo Jones, balançando a cabeça... Sim, o gambito Nokia tinha atacado outra vez. Foi aí que algo ainda mais inusitado aconteceu: O adversário de Jones não admitiu ganhar o ponto daquela maneira e quis continuar a partida. Uma verdadeira amostra de cavalheirismo! Eis aí uma novidade que merece Informador: O gambito Nokia... Recusado! E vou querer meu nome lá também, pois fui eu que fiquei pedindo ao Jones o celular emprestado para ouvir a música. De certa maneira, o celular ter ficado ligado foi culpa minha também...

Algumas pessoas (alguns amigos antigos, outros novos) comentaram sobre o blog. Acreditem, algumas até leram! Como tem gente doida nesse mundo! Agradeço a todos!
Ponto para meus relações públicas!

Sobre as atuações matonenses, acredito que foram razoáveis. Jones não jogou muito bem, mas é uma questão de ritmo, estudo, e esforço. Eu e Jaiminho Gimenes fizemos um torneio bem burocrático (Jaime ainda mais, pois terminou invicto). Perdemos alguns pontos Fide, mas acredito que fizemos por merecer. Aliás, aprendi que minha ingenuidade ainda não foi completamente curada: Jogar Gambito do Rei, contra um MI, só vai te dar cinco minutos de fama...

Vivaldão brilhou (vide foto). “Não sei o que ele está tomando” como disse Felipe, mas o moço está jogando bem e feliz. Depois de um tropeço na segunda rodada (ganho, depois empatado, depois, abandonado!) Vivaldão ressurgiu tal qual uma fênix (Desculpe, mas é impossível não usar essa metáfora. Na verdade, acredito que a comparação com a fênix seria mais pelo narcíseo rabo da ave do que por qualquer outra coisa... O que dizer de alguém que comenta o seguinte: “Eu tenho um estilo bonito... você não acha? Pelo menos, quando eu não penduro...?”). E foi impossível não reparar em sua habilidade ambidestra em anotar o lance e aceitar o empate concomitantemente. Fico me perguntado o que será de mim se ele virar no mínimo Mestre Fide:
“- Você Conhece o Vivaldo?
- Qual, o Mestre ou o outro?”.

Seria muita maldade torcer contra ele? Quem sabe... (Brincadeira Vivaldão!).

Um final de semana, e feriado, onde consegui me ludibriar com as peças e esquecer um pouco dessa “rotina vazia” (Nenhum de Nós, lembram? O máximo que consegui me ligar na "realidade" foi que durante as partidas eu ficava pensando em "pronomi combinati"). Rever amigos ou conhecer pessoas é sempre bom. E o xadrez só melhora isso. (Olha só, como isto aqui está ficando alto-astral!).
A vitória no torneio foi do Mestre Argentino Dolezal (empatado com o MI Brasileiro Krikor)onde toda a torcida local pelo “Brasuruguaio” mestre Crosa, não foi suficente. Segue abaixo os 10 primeiros colocados e os matonenses:

1 Cristian Dolezal ARG 2414 6
2 Krikor Sevag Mekhitarian BRA 2416 6
3 Alexandr Hilario Fier BRA 2499 5.5
4 Martin Crosa URU 2403 5
5 Jose Cubas PAR 2447 5
6 Dragan Stamenkovic SRB 2423 5
7 Leandro Perdomo ARG 2389 5
8 Gabriel Ricardo Salim Name BRA 2230 5
9 Vanderlei Cason Melo BRA 2094 5
10 Fernando Vicente Vivaldo BRA 2176 5

Leonardo Vivaldo 22°; Jaime Gimenes 23°; Reginaldo “Jones” Albano 52°; de um total de 63 jogadores.

É isso. Até mais.
Forte abraço.

(Obs.: O MI El Debs foi acometido por uma forte dor de garganta. Assim que nosso amigo se reestabelecer, faremos a entrevista. Melhoras Tony!).