quinta-feira, 31 de maio de 2007

IRT Santos 2007 - Aberto do Brasil


‘“Horas Mortas. Inverno. Em plena mata. Em plena
Serra do mar.”

(Vicente de Carvalho)

Este texto aqui será escrito em um “fôlego só”. Em um “único suspiro”. Pois, devido uma forte gripe contraída em Santos, faz pelo menos uns três dias que não respiro pelo nariz. Não obstante, vamos lá.

Sobre o torneio de Santos (ah! O torneio!) poderíamos defini-lo da seguinte maneira:

“IRT de Santos. Fez frio. Muito frio. Atuações matonenses desprezíveis.
Até mais.
Forte abraço.”


Entretanto, seria um desperdício muito grande não rirmos de nossas mazelas. Das nossas mais miseráveis mazelas. De nossas vergonhas, de nossos vexames. De nossas fragilidades (mentais e físicas). Exagero? Talvez, mas os fatos falarão por si só...

Na sexta-feira, 25 de Maio (Não façam igual a mim que confunde com a Rua 25 de MARÇO), meu nobre irmão Fernando Vivaldo e eu, partimos para a disputa da contenta litorânea. A tira colo tínhamos no volante nosso querido MF (futuro MI) Felipe “Tony” El Debs que nos acompanharia durante todo o final de semana. E devido alguns problemas com a lista de ranting FIDE, acabou não jogando.

Eu e Vivaldão estávamos nos sentindo na própria Mãe Rússia: “Está muito frio e nosso motorista tem mais de 2400 FIDE”! Depois de alguns contratempos em São Paulo, como pegar o SENTIDO errado para o litoral (Vivaldão incrivelmente não se assustava com as placas CENTRO, passando por nós, de onde tinhamos saído), conseguimos chegar “nas curvas da estrada de Santos” como imortalizou o Rei (Não o Rei do Santos, muito menos algum rei de madeira em que estamos mais acostumados. Aquele da ”Brasa” mora?).

Tudo começou aí, nestas famosas curvas. Coincidências... Será que elas existem? Sinais? E a Sincronicidade de Jung? O que dizer de estar ouvindo “March Funebre” de Chopin, quando se avista, concomitantemente, vários urubus (que mais pareciam uns avestruzes de tão grandes!) no mesmo instante de um carro com a placa CEU? Profecias, profecias... Será que os deuses estavam nos dando algum sinal? “Nossa. Será que alguém vai morrer?” Interrogou um dos passageiros de nosso carro. Apesar de tudo, conseguimos chegar vivos em Santos (Mas sairíamos?).

Depois de alguns problemas técnicos com as inscrições, fomos para as partidas (será que fomos mesmos?!). E logo após um começo bem mediano nos encontramos com alguns amigos que estavam jogando os Fechados (Regina Helena e Mário Covas) onde as partidas estavam sendo disputadas no Hotel Atlântico, onde nós também estávamos.

Passada toda a confraternização enxadrística, a tríade matonense partiu desesperadamente (depois de um dia todo sem almoço!) para o tão merecido jantar. Junto de nós o divertido amigo Eduardo Marra, que nos apresentou um fantástico “bufê” de sopas pela bagatela de R$8,99 “a la vonté”! E isso me lembra duas coisas importantes para relatar.

Primeiramente, um dos fatos mais marcantes neste final de semana foram nossas refeições. Na verdade, a falta delas. Não só pelas rodadas excessivamente próximas, como também pelo pouco dinheiro que tínhamos. Somente 300 reais a menos do que achavamos que iríamos gastar. Nunca pensei que poderia experimentar tantos tipos de sopas! Confesso que nos primeiros dias a falta de comida até inspirou certa purificação bem ao estilo “jejum saudável”, “espiritual”, “dieta da(s) sopa(s)”, e coisas do tipo. Mas logo tudo isso se tornou fome mesmo. Aliás, muita fome. Aliás de novo, esse torneio foi o “torneio dos excessos”: excesso de fome, de erros, de frio, de vídeos e fotos (Deus salve o celular "hi-tech"! Apesar de não conseguir passar as fotos e os vídeos para o computador...), de reclamações (a internet sem fio do hotel era até rápida, mas só funcionava 3 minutos e demorava 10 para reconectar. Vivaldão que o diga: ele tentava entrar na internet o tempo todo quando estava no quarto. Ele passou mais tempo com o laptop do que comigo, com o Felipe, ou com os tabuleiros...) e de prejuízos. E nesta última categoria, vai uma ressalva deverás importante: Vivaldão conseguiu uma proeza que dificilmente será batida. Tomou um prejuízo maior de Ranting do que de dinheiro! Mais o menos uns 60 e poucos pontos! Alguém aí da mais?! (ou melhor, dá menos? Menos FIDE pro Vivaldão! Calma... ele vai recuperar).

A segunda coisa importante foi que queimei a língua com a sopa. Pode não parecer importante para o andamento da história (e não é mesmo), mas vou me dar ao luxo de reclamar até disso. E já que é para reclamar, a sopa de ervilhas era muito ruim! E que palhaçada aquela de não poder subir com água onde estávamos jogando? E esse negócio de greve nas faculdades públicas? Lá se vão minhas férias e quem sabe até os Jogos Regionais...

Retomando o torneio, vale lembrar o avassalador início do Ítalo-Brasileiro Giuseppe Caporale. Esse jovem talento arrebatou Vivaldão e logo depois empatou com o também forte jogador Leonardo Bispo. Mas acabou caindo de produção no final do campeonato. Entretanto, ficará na memória de muitos a exclamação de Giuseppe depois da vitória contra Vivaldão: “Obrigado Senhore! Fazía molto tempo que io no ganava de um jogador com FIDE!”. Ah! Se aqueles urubus da estrada de Santos falassem, com certeza estariam cantando a Tarantela...

Apesar de ser um torneio com uma boa premiação, tivemos (Eu e o Vivaldão) o capricho de não "pegarmos" nada (ou “niente”, como diria o Caporale). Mas eu não saí de mãos abanando: ganhei uma camiseta do torneio, queimei a língua, e por final, uma bela gripe. E ao que parece, eu não fui o único premiado nesta categoria. Realmente, o frio e a praia têm lá seus encantos como no filme “Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças” (esse filme ainda vai merecer um comentário a parte!), mas tem lá seus perigos também. Deixo registrado aqui que o meu ponto alto neste torneio foi a gripe que ganhei. Desde sábado (dia 25) senti que não estava bem. E no domingo venho a confirmação. Estou procurando a refutação para essa gripe, mas por enquanto o máximo que consegui foi sacrificar a garganta, que também está infeccionada. E o ouvido também está! Estou praticamente uma infecção humana...

Apesar de tudo, vendo a praia, é impossível não se emocionar com os versos do poeta santista Vicente de Carvalho, “O poeta do Mar”:

“Mar, belo mar selvagem/ Ah! vem daí por certo a voz que escuto em mim.”.

O mar me passa uma sensação indescritível. Um dia eu ainda vou morar no litoral. Olhar para aquele horizonte é muito bom. Tranqüilidade, comunhão, e o mais curioso: quase não consigo pensar muita coisa. Só olhar. E isto é até irônico, por que foi mais ou menos assim nas partidas também. O meu “Fratello” Vivaldão que o diga...

No Domingo tivemos o dia mais feliz: dia de ir embora. A mente despedaçada e o corpo moribundo (até o Vivaldão, que não pegou gripe, sofreu: confirmando seu retorno para a adolescência, seu dente do siso começou a nascer! Só agora, com 30 anos! Realmente, faltou juízo e bom senso neste torneio para gente). Pelo menos na volta para casa deu para ouvir o finalzinho do jogo do Santos contra o Atlético Paranaense. Não tem preço ouvir o locutor torcendo descaradamente para o Santos. Claro, que o melhor de tudo foi ir embora praguejando. E no final das contas, ninguém morreu. Só os meus anticorpos e o ranting do Vivaldão, evidentemente. Querendo ou não, acho que até demos algumas risadas...

“Ridento castigat mores” (Rindo se castiga os costumes).

É isso. Vou voltar para meu estado de “molho”. Como minha faculdade está em greve e meu corpo também (ou pelo menos os anticorpos) só me resta descansar. O pior é acordar por um telefonema de um amigo com a seguinte piada: “Poxa, é só uma gripe. Bem que poderia ser uma tuberculose, é mais literária.”

Até mais.
Forte Abraço.

(Sem classificação do Torneio desta vez. Não consegui mais achá-la. Acredito que isso não fará muita falta para nossos egos...)

5 comentários:

Anônimo disse...

Tres urras para a sopa de feijão!

Unknown disse...

Legal a história, Vivaldinho... Ri bastante!

O comentário do Caporale foi massa, hein... sacanagem, hehe. Ele tem umas tiradas muito sem noção.

Sobre sua gripe: fique feliz, pelo menos você não a conseguiu por entrar no mar às... 4h da manhã!! hahaha...

E a classificação: http://www.fpx.com.br/2007/fsantista/santos07_irt.htm

Abraço

embreagues disse...

fica minah duvida..como outro butecológo consegue comentar com taum belas e bem colocadas palavras todos assuntos, ele q vai dar aula no primario DOna Rosinha lucia Cruz pra um bando de catarrento. iaiajijajia piada

eh um prazer estar comentando aki no seu blog, q por ventura tem um citação minha...

" o amor destói mais que o gambito do rei"

Anônimo disse...

espero que já tenha se recuperado... Abraços!

Anônimo disse...

Grandes textos , Vivaldinho !!

As sopas estavam boass hein !! haha
Mas tenha certeza que no próxima torneio será melhor !?

Grande Abraço